Mobilização busca reforçar ato em defesa de passe livre no transporte público
Um ato em defesa de passe livre no transporte público coletivo do Espírito Santo está marcado para acontecer na semana que vem, dia 7 de fevereiro, em Vitória. O principal articulador do movimento é o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e mais de 20 organizações estudantis e de movimentos sociais estão mobilizando as suas bases para encorpar o protesto, cuja concentração começará às 17h, na Praça de Jucutuquara.
A mobilização acontece após o reajuste de 4,44% na tarifa dos ônibus do Sistema Transcol, da Grande Vitória, que passou a valer no último dia 14 de janeiro. O valor diário subiu de R$ 4,50 para R$ 4,70. Já a tarifa promocional aos domingos (pagamento com cartão cidadão) passou de R$ 3,90 para R$ 4,10, e o da Bike GV, de R$ 2,25 para R$ 2,35.
"Juntos por um Transcol digno! No dia 7 de fevereiro, estaremos nas ruas reivindicando melhorias urgentes no sistema de transporte público do Espírito Santo. Ônibus sucateados, pontos de ônibus em péssimo estado, violência contra mulheres e tarifas exorbitantes não podem ser nossa realidade diária", diz a postagem de convocação do ato que está sendo compartilhada nas redes sociais.
"Desde 2015, todo cidadão brasileiro tem o direito constitucional ao transporte, mas por que precisamos pagar caro por esse direito? Em três anos, a tarifa do Transcol aumentou 16,50%, atingindo o valor de R$ 4,70, enquanto a qualidade do serviço só piora", continua o post.
Este ano, em vez de convocar protestos imediatamente após a divulgação do aumento, o DCE da Ufes decidiu apostar em uma agenda mais ampla de defesa de tarifa zero no transporte público, e a escolha da data visou dar tempo para uma grande mobilização junto à classe trabalhadora. Os estudantes secundaristas também já terão retornado de férias em 7 de fevereiro, o que favorece a ampliação do movimento.
"Nós entendemos que esse aumento é arbitrário. Muito além da redução dos valores, queremos um transporte público digno e com tarifa zero para toda a população", afirma a estudante de Pedagogia Nicoly Moura, diretora de Organização do DCE da Ufes.
De acordo com Nicoly, além do planejamento do ato de 7 de fevereiro, o DCE está se articulando com deputados de esquerda do Estado, com a Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo (DPES) e com sindicatos. O objetivo é concretizar uma frente ampla e permanente de atuação para garantir, a toda a população, o direito à cidade.
"O DCE defende que o transporte público do Estado, tanto da região metropolitana quanto dos interiores, seja administrado e gerido pelo governo estadual. A influência e a gestão da iniciativa privada no transporte público do Estado faz com que todos os anos, reiteradamente, nós tenhamos que lidar com o aumento dos preços das passagens", argumenta.
Entre as organizações que atuam na mobilização estão os diretórios e centros acadêmicos de Matemática (Camat), Música (Calmus), Comunicação Social (Cacos), Artes (Dada), Serviço Social (Calss), Pedagogia (Daff), Ciências Sociais (CALCSO), Nutrição (Calnutri) e Economia (Caleco) da Ufes. A esses se somam a Atlética Central dos e das Estudantes da Ufes, bem como as associações atléticas de Comunicação Social (Panteras) e das Artes (Carberus).
Também estão na mobilização o Movimento Negro Unificado (MNU), Marcha das Mulheres, Kizomba, Enfrente, União da Juventude Socialista (UJS-ES), Levante Popular da Juventude e Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT).
Passe livre em 84 cidades brasileiras
Em 2023, o Brasil chegou a 84 cidades que aboliram a cobrança de tarifa no transporte público urbano todos os dias da semana, segundo reportagem da Agência Brasil. Somente no ano passado, 22 municípios decidiram aderir ao passe livre pleno, o maior número até o momento em um mesmo ano.
Das 84 cidades, 24 estão em São Paulo, 23 em Minas Gerais, dez no Paraná e nove no Rio de Janeiro. Entre as cidades com maior população que aboliram a tarifa estão Caucaia (CE), com 355 mil habitantes; Maricá (RJ), com 197 mil; Ibirité (MG), com 170 mil; Paranaguá (PR), com 145 mil; e Balneário Camburiú (SC), com 139 mil.
Em junho de 2013, quando protestos de rua sacudiram o Brasil, a luta por tarifa zero no transporte público soava para muitos como mera utopia. Atualmente, a adoção da medida tem sido encarada como uma solução para o desequilíbrio econômico no sistema de transporte em todo o Brasil. Somente a cidade de São Paulo – que adotou tarifa zero aos domingos no fim do ano passado –, perdeu um 1 bilhão de passageiros entre 2013 e 2022, segundo o pesquisador Rodrigo Santini.
Investir em transporte público gratuito e de qualidade também passou a ser visto como uma alternativa ao estrangulamento do trânsito provocado pelo transporte individual nas grandes cidades, bem como uma forma de diminuir radicalmente as emissões de carbono e ajudar a frear as mudanças climáticas.
DCE da Ufes prepara agenda de lutas por tarifa zero no transporte público
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