Sábado, 27 Abril 2024

Mobilização busca reforçar ato em defesa de passe livre no transporte público

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 Um ato em defesa de passe livre no transporte público coletivo do Espírito Santo está marcado para acontecer na semana que vem, dia 7 de fevereiro, em Vitória. O principal articulador do movimento é o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e mais de 20 organizações estudantis e de movimentos sociais estão mobilizando as suas bases para encorpar o protesto, cuja concentração começará às 17h, na Praça de Jucutuquara.

A mobilização acontece após o reajuste de 4,44% na tarifa dos ônibus do Sistema Transcol, da Grande Vitória, que passou a valer no último dia 14 de janeiro. O valor diário subiu de R$ 4,50 para R$ 4,70. Já a tarifa promocional aos domingos (pagamento com cartão cidadão) passou de R$ 3,90 para R$ 4,10, e o da Bike GV, de R$ 2,25 para R$ 2,35.

"Juntos por um Transcol digno! No dia 7 de fevereiro, estaremos nas ruas reivindicando melhorias urgentes no sistema de transporte público do Espírito Santo. Ônibus sucateados, pontos de ônibus em péssimo estado, violência contra mulheres e tarifas exorbitantes não podem ser nossa realidade diária", diz a postagem de convocação do ato que está sendo compartilhada nas redes sociais.

"Desde 2015, todo cidadão brasileiro tem o direito constitucional ao transporte, mas por que precisamos pagar caro por esse direito? Em três anos, a tarifa do Transcol aumentou 16,50%, atingindo o valor de R$ 4,70, enquanto a qualidade do serviço só piora", continua o post.

Este ano, em vez de convocar protestos imediatamente após a divulgação do aumento, o DCE da Ufes decidiu apostar em uma agenda mais ampla de defesa de tarifa zero no transporte público, e a escolha da data visou dar tempo para uma grande mobilização junto à classe trabalhadora. Os estudantes secundaristas também já terão retornado de férias em 7 de fevereiro, o que favorece a ampliação do movimento.

"Nós entendemos que esse aumento é arbitrário. Muito além da redução dos valores, queremos um transporte público digno e com tarifa zero para toda a população", afirma a estudante de Pedagogia Nicoly Moura, diretora de Organização do DCE da Ufes.

De acordo com Nicoly, além do planejamento do ato de 7 de fevereiro, o DCE está se articulando com deputados de esquerda do Estado, com a Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo (DPES) e com sindicatos. O objetivo é concretizar uma frente ampla e permanente de atuação para garantir, a toda a população, o direito à cidade.

"O DCE defende que o transporte público do Estado, tanto da região metropolitana quanto dos interiores, seja administrado e gerido pelo governo estadual. A influência e a gestão da iniciativa privada no transporte público do Estado faz com que todos os anos, reiteradamente, nós tenhamos que lidar com o aumento dos preços das passagens", argumenta.

Entre as organizações que atuam na mobilização estão os diretórios e centros acadêmicos de Matemática (Camat), Música (Calmus), Comunicação Social (Cacos), Artes (Dada), Serviço Social (Calss), Pedagogia (Daff), Ciências Sociais (CALCSO), Nutrição (Calnutri) e Economia (Caleco) da Ufes. A esses se somam a Atlética Central dos e das Estudantes da Ufes, bem como as associações atléticas de Comunicação Social (Panteras) e das Artes (Carberus).

Também estão na mobilização o Movimento Negro Unificado (MNU), Marcha das Mulheres, Kizomba, Enfrente, União da Juventude Socialista (UJS-ES), Levante Popular da Juventude e Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT).

Passe livre em 84 cidades brasileiras

Em 2023, o Brasil chegou a 84 cidades que aboliram a cobrança de tarifa no transporte público urbano todos os dias da semana, segundo reportagem da Agência Brasil. Somente no ano passado, 22 municípios decidiram aderir ao passe livre pleno, o maior número até o momento em um mesmo ano.

Das 84 cidades, 24 estão em São Paulo, 23 em Minas Gerais, dez no Paraná e nove no Rio de Janeiro. Entre as cidades com maior população que aboliram a tarifa estão Caucaia (CE), com 355 mil habitantes; Maricá (RJ), com 197 mil; Ibirité (MG), com 170 mil; Paranaguá (PR), com 145 mil; e Balneário Camburiú (SC), com 139 mil.

Em junho de 2013, quando protestos de rua sacudiram o Brasil, a luta por tarifa zero no transporte público soava para muitos como mera utopia. Atualmente, a adoção da medida tem sido encarada como uma solução para o desequilíbrio econômico no sistema de transporte em todo o Brasil. Somente a cidade de São Paulo – que adotou tarifa zero aos domingos no fim do ano passado –, perdeu um 1 bilhão de passageiros entre 2013 e 2022, segundo o pesquisador Rodrigo Santini.

Investir em transporte público gratuito e de qualidade também passou a ser visto como uma alternativa ao estrangulamento do trânsito provocado pelo transporte individual nas grandes cidades, bem como uma forma de diminuir radicalmente as emissões de carbono e ajudar a frear as mudanças climáticas.


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