sábado, janeiro 18, 2025
26 C
Vitória
sábado, janeiro 18, 2025
sábado, janeiro 18, 2025

Leia Também:

A arte antecipa a vida!

Os três longas que estavam na disputa para representar o Brasil numa provável indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro têm temática gay. O escolhido foi “Hoje eu quero voltar sozinho”, de Daniel Ribeiro, que conta a descoberta da sexualidade (homossexualidade) por um adolescente com deficiência visual.
 
Os outros dois concorrentes foram “Praia do Futuro”, de Karim Ainouz, uma produção Brasil/Alemanha, que provocou grande polêmica nas salas brasileiras, já que muitos se sentiram chocados com o beijo gay de Wagner Moura. O Outro, “Tatuagem”, talvez o mais ousado de todos, dirigido por Hilton Lacerda, é mais uma produção pernambucana que desafia o eixo Rio/São Paulo. Entre muitos destaques a trilha sonora que traz “Alma Sebosa”, de Johnny Hooker.
 
O Brasil vem buscando esse reconhecimento internacional para o nosso cinema. Já batemos na trave várias vezes. Essas tentativas frustradas amadurecem cada vez mais nossas produções. Novos polos de cinema estão surgindo como Pernambuco e Rio Grande do Sul, assim como novas parcerias internacionais. Temas atuais e polêmicos, e uma abrangência cada vez maior para uma nova sociedade, que se vê na telenona, que se reconhece nas personagens e se posiciona fortalecendo a sua identidade.
 
O Brasil ganha destaque nos noticiários internacionais, isso fortalece a nossa candidatura à indicação, principalmente quando o tema da inclusão LGBT ganha um tom maior nas questões que envolvem os direitos humanos.
 
Expectativas cinematográficas à parte, e as vésperas de mais uma eleição, é fácil perceber essa questão está entrando definitivamente no debate político. De um lado um caminho trilhado em prol da diversidade, que vem com os governos do presidente Lula, sofre uma retração com o governo Dilma, mas não perde suas conquistas, ao contrário, com o apoio do Legislativo avança em direção ao casamento igualitário.
 
O próprio embate político reacendeu a diferença entre os que querem a inclusão e os que se posicionam pelo preconceito, e buscam inibir os avanços, chegando até a tentativa de quebrar direitos adquiridos.
 
Dando nome aos bois, temos aí o agonizante Magno Malta (PR), que se contorce ante os novos caminhos, como Levy Fidelix (PRTB) e o Pastor Everaldo (PSC), sem contar com a agressão de Bolsonaros e Felicianos. Juntos, eles se posicionam ao lado da velha política coronelista. “Dize-me com quem andas e eu te direi quem és”.
 
A arte antecipa a vida! O cinema retira o véu da falsa moral e se reencontra com os “Tempos Modernos”, o debate facilita compreensão e assim promove as mudanças, apesar de uma, ainda forte, corrente conservadora.
 
Mas fora das salas de projeção, a tela é maior ainda. Fica cada vez mais difícil segurar as mudanças. O sentimento de inclusão é cada vez maior em todos os aspectos, e o Brasil está mais internacional. O brasileiro está mais atento à sua força e escapando da armadilha do rebanho. 
 
Se esse Oscar não vier, que novas portas e janelas sejam abertas.
 

Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas “horas vagas” (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil” pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: [email protected]

Mais Lidas