Sábado, 27 Abril 2024

A bebida de Satã

Dizem que os segredos humanos ficam guardados no lado escuro da lua. Invisível durante o dia, a lua só brilha à noite, quando pensa que estamos dormindo. E enquanto dormimos, mais um mês vai chegando ao fim no calendário oficial. Aquele abraço! Fevereiro poderia ser considerado o mês das futilidades, com muito samba e muito charme. Como a invenção do nylon, pela DuPont, em 1936, que revolucionou quase todos os setores das nossas vidas. Como as meias de nylon, que embelezaram por muitos anos as pernas femininas. Eram caras, o fio corria com facilidade, mas nenhuma elegante saía de casa sem elas.

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Também em fevereiro na ensolarada Itália, talvez em um momento de êxtase episcopal, o Papa Clemente VIII declarou: Essa "bebida de Satã" é tão deliciosa que seria uma pena deixar os infiéis terem o uso exclusivo dela." O Santíssimo se referia ao nosso vulgar cafezinho, que os católicos não consumiam por ser considerado uma "amarga invenção de Satã'. Isso apenas por ser muito popular entre muslims. Com essa frase singela, o Papa difundiu o uso do café pelo mundo cristão. Nossa economia agradece.

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Nascido em fevereiro, Levi Strauss dispensa apresentações. O mundo moderno seria o mesmo sem ele? Por certo, mas quem dentre vós jamais vestiu uma calça jeans? Conta aí quantas você tem no armário. O tempo passa, a tecnologia voa, mas as práticas e versáteis calças de boiadeiros continuam no rigor da moda, vestindo pobres e ricos, famosos e anônimos, bolsonaristas e lulistas, se adaptando a todos os estilos e tendências. Quousque tandem? perguntaria Cícero.

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Outro nascido em fevereiro foi o alemão Jakob, um dos irmãos Grimm. Eles não inventaram, mas pesquisaram e reuniram contos do folclore alemão na coletânea, "Contos de Fadas dos Irmãos Grimm". Quem nunca ouviu falar em uma certa senhorita de pele branca como a neve? Ou de uma outra que dormiu cem anos? Os críticos da época acharam que alguns dos contos não eram apropriados para crianças, forçando os irmãos a fazerem mudanças nas edições seguintes.

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E foi assim que, trocando a mãe malévola pela madrasta nas histórias que preservaram para nós, os irmãos Grimms criaram a lenda das madrastas invejosas, bruxas que envenenavam maçãs e matavam os enteados. De autor anônimo: Talvez a crueldade da madrasta tenha sido uma coisa boa. Pois se não tivesse fugido para a floresta Cinderela nunca teria encontrado o príncipe.

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