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A conta chegou

 

Em 2010, quando o governador Paulo Hartung decidiu virar a mesa, dar uma rasteira no então candidato do Palácio Anchieta ao governo, o vice-governador Ricardo Ferraço, e lançar Renato Casagrande como seu sucessor, o socialista assinou uma promissória em branco em nome de Hartung. Nesse ato, ele se comprometia, caso vencesse as eleições, em dar continuidade à gestão do seu antecessor. Isso incluía blindar Hartung dos estilhaços das bombas que poderiam explodir mais à frente. 
 
Entretanto, quando sentou na cadeira de governador, no dia 1 de janeiro de 2011, Casagrande não imaginava a extensão do campo minado legado pelo antecessor. 
 
As bombas sequenciais que têm explodido no colo de Casagrande, algumas com potencial devastador, começam a desgastar a imagem do governo, que recebeu as chaves do Estado das mãos de Hartung sacramentando o discurso da “casa arrumada”.
 
Como sabido, a casa entregue a Casagrande de arrumada não tinha nada. O alicerce da casa – segurança, saúde e educação – estava em frangalhos. É só perguntar à população como andam essas áreas.
 
Azeitado mesmo estava o arranjo criado por Hartung para assegurar a sustentabilidade do setor empresarial, sobretudo das chamadas grandes empresas – prioridades de seu governo.
 
Desnudada nas últimas reportagens, o leitor de Século Diário teve oportunidade de conhecer os detalhes da política de incentivos fiscais de Paulo Hartung, mantida pelo atual governo. 
 
Com a promessa de gerar trabalho e renda e assegurar o desenvolvimento do Estado, o ex-governador sangrou os cofres públicos sem compaixão para encher os bolsos do empresariado e sabe-se lá de quem mais. 
 
Puxados pelo Compete-ES e Invest-ES, o trem da alegria dos incentivos fiscais fez o Estado abrir mão de bilhões de reais, arrecadação que está comprometida até 2024. Dinheiro que está fazendo falta, justamente, para investir no alicerce da casa, que começa a apresentar as primeiras trincas mais severas e já visíveis a olho nu. 
 
Os primeiros credores se materializaram nas ações civis públicas formalizas na Justiça estadual que contestam a farra de incentivos promovida por Hartung. O governo de São Paulo também apresentou a conta via Supremo e exige ressarcimento dos incentivos concedidos ao setor atacadista pelo ex-governador.
 
Nesta quarta-feira (15) foi a vez dos movimentos sindicais, que representam o funcionalismo estadual, bater na porta do governador para cobrar a conta. 
 
O protesto, que tomou as ruas dos Centros da Capital na manhã de hoje (15), criticava Casagrande por dar continuidade à política do governo Hartung. Na lista de inadimplência, os manifestantes cobravam mais investimentos na saúde, segurança e educação – só para variar. 
 
As seis entidades sindicais que organizaram o ato foram para as ruas para pedir o fim da corrupção e da política de incentivos fiscais que é nefasta à população e só enriquece os empresários. Os manifestantes também cobraram do governo as promessas de reajustes salariais ao funcionalismo. 
 
Alguém deveria ter avisado ao governador que, mais cedo ou mais tarde, os credores bateriam na sua porta para cobrá-lo. Mesmo que boa parte dessa pendenga seja herança de seu antecessor, ensina a tradição que quem está sentado na cabeceira paga a conta. 

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