Agatha Christie vendeu – e continua nas bancas – mais de quatro bilhões de livros no mundo todo, traduzidos para 103 idiomas, sendo a autora mais publicada de todos os tempos, superada apenas pela Bíblia e Shakespeare. Portanto, entretanto, apesar das magias, dos códigos secretos e dos vampiros bonitinhos, a velha dama ainda põe no chinelo os ‘monstros’ modernos.
Seu primeiro livro, “O Misterioso Caso de Styles”, foi rejeitado por seis editoras e levou quatro anos para ser publicado, vendendo apenas 2 mil exemplares. Mais um consolo para os potenciais escritores em lista de espera – muitos são os candidatos, poucos são aceitos. E menos ainda tiveram seus trabalhos reconhecidos na primeira investida.
Agatha deixou um acervo de 86 livros e 12 peças de teatro, que resultaram em muitos outros livros, filmes e peças teatrais. A peça “A Ratoeira”, estreou no Teatro Ambassador, em Londres, em 1952, e continua em cartaz até hoje, com mais de 16 mil apresentações. Seu livro de maior sucesso, “O caso dos dez negrinhos”, tem 100 milhões de cópias, sendo o livro de suspense mais vendido de todos os tempos, e um dos mais vendidos em qualquer gênero.
Como todos sabem, a dama do mistério soube explorar o gosto do público pelo suspense. O que pouca gente sabe é que existe um mistério também em sua vida, que bem daria um livro, ou um filme. Em três de dezembro de 1926, o marido de Agatha lhe diz que está apaixonado por Nancy Neele, pede o divórcio e vai passar o fim de semana com a amante. Nessa noite Agatha deixa sua casa em Styles levando uma pequena mala, e desaparece.
Seu carro foi encontrado às margens do lago Silent Pool, com os faróis acesos. Dentro tinha um casaco de peles, a mala e uma carteira de motorista vencida. A polícia oferece 100 libras a quem der informações sobre seu paradeiro, e 15 mil voluntários vão ajudar nas buscas. Mergulhadores, barcos, escoteiros e, pela primeira vez, usam aviões para procurar uma pessoa.
Dezesseis dias depois a polícia recebe a informação de que Agatha está hospedada em um hotel, onde se registrou com o nome de Teresa Neele. Foi vista dançando, jogando bridge, fazendo palavras cruzadas. O músico Bob Sanders Tappin a reconheceu e abocanhou a recompensa. Bob se dirigiu a ela e a chamou de Mrs. Christie, e ela respondeu, mas disse estar sofrendo de amnésia.
Muita gente acha que Agatha tramou o suspense para promover a venda de seu novo livro, O Assassinato de Roger Ackroyd, um golpe publicitário bem de acordo com a natureza de seus textos. Mas o livro já estava nas listas de mais-vendidos por várias semanas. Agatha depois se casou com um arqueologista, mas manteve o nome Christie do marido traidor.
Ela disse, “Um arqueologista é o melhor marido que uma mulher pode ter. Quanto mais velha ela fica, mais interesse ele tem nela”. Falou com conhecimento de causa, porque viveram juntos até sua morte, aos 81 anos. Outras frases de Agatha, “Bons conselhos são, com certeza, ignorados, mas isso não é desculpa para não dá-los”. “É ridículo criar uma história de detetives em Nova Iorque, porque Nova Iorque é uma história de detetives”.