O plantio de eucalipto destinado à produção de celulose no Espírito Santo sofrerá reduções e elas serão extremamente positivas ao capixaba.
A coerência dessa suspeita vem de um conjunto de fatores que, somados, possuem força suficiente para reduzir a volumosa onda do setor regional de celulose.
A substituição do papel pela digitalização é uma crescente tendência da realidade mundial. Mesmo assim, estima-se que a demanda mundial de papel cresça consideravelmente nos próximos 15 anos.
Um dos principais motivadores da produção de papel sem uso de madeira é a economia energética, uma vez que o uso de eucalipto demanda processos industriais pesados que produzem grandes quantidades de poluentes perigosos no ar e água, como cloro, dioxina e furanos; bem como uma grande quantidade de água tanto no processamento industrial quanto no desenvolvimento da árvore quando comparado a outras culturas agrárias.
Todavia, os métodos alternativos, como uso de fibras de algodão, hibisco, bambu e cânhamo, são historicamente apontados como desvantajosos para o abastecimento global da indústria de papel em função da influência da sazonalidade dos períodos de colheita na produção.
Mas este contraponto parece ter sido inteiramente superado por um novo método de produção de papel que utiliza pedras calcárias como matéria-prima – um dos minerais disponíveis mais abundantes que existem. Esse método de produção dispensa completamente o uso de água, o que reduz seu custo de produção. Os planos de crescimento dessa tecnologia são ambiciosos, incluindo a produção de 30 mil toneladas em Tóquio até 2020, além de fábricas filiais em localidades com baixa disponibilidade hídrica e alta disponibilidade mineral, como Marrocos e Califórnia.
Inicialmente a aplicação de métodos alternativos de produção de papel vem sendo tratada como um modo de suprir o previsto aumento de demanda. Mas vale ressaltar que busca de soluções eventualmente supera as expectativas, podendo tornar a tecnologia da principal fonte de papel mundial (celulose) economicamente obsoleta do ponto de vista industrial.
Os efeitos danosos do eucalipto como monopólio agrário já foram sentidos no Espírito Santo, onde mais de 250 mil hectares encontram-se destinados à monocultura. A Lei Estadual nº 6.780 proíbe por tempo indeterminado o plantio de eucalipto para a celulose no ES. No entanto a aplicação da mesma vem enfrentando resistências, desde suspensões pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a descumprimentos judiciais pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf).
A região norte do Estado foi a primeira a sofrer com o monopólio do eucalipto e agora luta para combater sua expansão. De fato, o desenvolvimento agrário de regiões tomadas pelo monopólio do eucalipto depende de sua substituição.
Imaginem só se a Lei nº 6.780 fosse cumprida, e os reflexos da diversidade agrária se reforçassem no Estado. Não haveria limites para a criatividade dos empreendedores capixabas, afinal, tratar-se ia do melhor uso de regiões de altíssima produtividade. Expansão e implementação de outras culturas agrícolas, criação de açudes pra abastecimento hídrico de cidades e fazendas; um maior número de trabalhadores por hectare ao invés do estigmado deserto verde dos eucaliptais.
Não seria o fim da indústria de celulose…apenas o fim de seu monopólio e o começo de diversos horizontes férteis para o nosso Estado.