Quase quatro meses após o fim da greve dos professores de Vitória, o assunto ainda rende. E como! O movimento reivindicatório que durou praticamente um mês, entre o dia 26 de março e 24 de abril, afetando quatro mil professores e 35 mil estudantes, terminou depois de ameaças e intimidações promovidas pelo prefeito Luciano Rezende (PPS).
Ameaças essas que foram reais, afinal, o saldo do movimento foi de quatro docentes demitidos e vários respondendo a Administrativos, os PADs. Também houve ameaça de corte dos dias parados, o que foi revertido após a prefeitura assinar um Termo de Reposição.
Já promessa de boas novidades para a categoria foram poucas, pra não dizer uma: a de abrir uma mesa de negociações para atender à pauta dos docentes, o que, na prática, ainda não ocorreu por completo.
Os dias de greve foram pagos, mas os professores ainda lutam por outros pontos da pauta, entre eles o pagamento das progressões e a recomposição das perdas salariais, que, segundo os docentes, chegam a 28,5% desde 2012. A prefeitura, por sua vez, concedeu um reajuste de apenas 3% referentes a 2017.
Resultado do processo, uma enorme mancha para a imagem do prefeito, que se mostrou completamente inábil para a negociação. A primeira reunião entre a prefeitura e a categoria foi realizada somente quinze dias após o encerramento da greve dos professores e o movimento foi marcado pela total falta de diálogo com a administração municipal.
Também ainda integram a pauta de luta: o cumprimento do Plano de Cargos e Vencimentos; o pagamento do auxílio-alimentação para quem tem duas cadeiras na rede municipal; a ampliação de 30 para 45 dias o pagamento de 1/3 de férias do magistério; e a manutenção da Mesa de Negociação com periodicidade mensal.
Mas o prefeito não foi o único a perder prestígio com a categoria durante a greve dos professores da Capital. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes-ES) também saiu arranhado do movimento. Acusado de ter falhado e não ter cumprido suas obrigações na defesa dos professores da Capital, para os docentes, o Sindiupes tem se omitindo no encaminhamento das reivindicações da categoria.
O resultado: no último dia 8 deste mês foi fundada a organização Professoras(es) Associadas(os) pela Democracia em Vitória-ES, a PAD-Vix, que já conta com 70 associados e promessa de 100 até o final deste mês de agosto. A Associação já tem uma meta: ir à Justiça contra as arbitrariedades da administração Luciano Rezende. Entra ano, sai ano, não tem jeito: o prefeito não aprende!