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A invasão política 

O resultado da eleição para a nova diretoria do Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa (Sebrae-ES), realizada nessa quinta-feira (13), demonstra que vão de vento em popa as alterações negativas registradas nas últimas três décadas nessa instituição, por conta da invasão de uma onda de políticos em órgãos de perfil estritamente técnico para servir a fins eleitoreiros. 

O Sistema S, composto por nove instituições, entre elas o Sebrae, é um destes alvos. Nos últimos 20 anos, essa tomada de poder atingiu também o Sesi, Senai e Senac,  que tiveram as regras de funcionamento flexibilizadas e aos poucos passaram a sofrer influência direta da classe política. 

O Sistema S e as instituições a ele agregadas sofreram perdas significativas de suas características originais, criadas na década 40, de um grupo de instituições e órgãos criados para promover o bem-estar de trabalhadores, na saúde e no lazer, por exemplo, como também a disponibilizar uma boa formação profissional. 

De outra forma, como explicar que o deputado federal Carlos Manato, do PSL, saia vitorioso na votação para presidente do Conselho de Administração do Sebrae-ES? 

Segundo colocado nas eleições de outubro ao governo do Estado e futuro subsecretário da Casa Civil da Presidência da República, além de médico, Manato é um político profissional sem qualquer histórico de atuação no setor sindical.  

A visão mais adequada sobre sua eleição, compartilhada por experientes dirigentes sindicais de perfil técnico, seria o uso dessa instituição para ampliar cacifes eleitorais, uma estratégia do grupo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), visando o fortalecimento de sua política nas várias cadeias produtivas do País, onde a atuação de órgãos como o Sebrae é intensa.    

Não é segredo para ninguém o uso político eleitoral da máquina pública e de instituições de direito privado que sobrevivem às custas de decisões adotadas pela classe política. 

Como instituições que não são públicas, o Sistema S recebe subsídios do governo, com recursos obtidos pela contribuição compulsória das empresas, com as taxas que variam de 0,2 a 2,5%, dependendo do tipo de negócio e do regime de tributação escolhido. 

Sobrevivem na dependência de medidas aprovadas pela classe política, que, sem qualquer conceito ético, se apropria de serviços prestados à comunidade com se fossem dádivas visando obter subsídios eleitorais. 

A indicação de dirigentes provenientes da classe política ou oportunistas maquiados de eficientes gestores para cargos técnicos, como ocorre há décadas em todas as funções, é reforçada agora com a eleição de Manato, e só contribui para distorcer ainda mais os objetivos da instituição.   

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