Eles esperaram 40 anos para poderem oficializar sua relação. Essa semana, definitivamente casados, o autor de novelas Gilberto Braga e seu marido Edgard Moura Brasil mostraram ao mundo que família é muito mais que a relação estável de um homem com uma mulher e filhos. Mas sim que família é um relacionamento livre estável e feliz. Os poucos presentes à cerimônia (algumas celebridades como Fernanda Montenegro e Gloria Pires) viveram a emoção do beijo gay depois do “sim”, segundo um comentário na hora: Parecia o final feliz de uma novela!
Pense bem! Em que a felicidade dos dois mudou a vida de outras pessoas? Em nada, a não ser que, quem é feliz gosta de ver os outros felizes! Mas para eles foi a realização de um sonho, a alegria de ver seu relacionamento legalizado, o prazer de ter seus direitos respeitados.
Porém, também na semana que passou o Estado de Michigan, nos Estados Unidos, sofreu com o fundamentalismo religioso do juiz distrital Bernard Friedman. Em menos de 24 horas depois de ser aprovado o casamento igualitário, ele revogou a lei com a acusação de ser inconstitucional, segundo Friedman – “A lei que aprova o casamento entre pessoas do mesmo sexo só prejudica os direitos dos nossos filhos e milhares de outras pessoas”. Ficou no ar outra pergunta: prejudica em quê?
Ao contrário, o casamento civil de pessoas do mesmo sexo apenas reforça e valida a democracia através do conceito de isonomia – igualdade de todos perante a lei. Refere-se ao princípio da igualdade previsto no art. 5º, da Constituição Federal, segundo o qual todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Ou seja, faz justiça sem gerar privilégios de espécie alguma.
Alias, foi o princípio da Isonomia que norteou todas as decisões do poder judiciário brasileiro a favor dos LGBTs. O acontecimento em Michigan provocou sim a frustração de milhares de pessoas, que após a aprovação da lei correram para os cartórios a fim de legalizar a relação e encontraram as portas fechadas, pelo resto que sobrou do preconceito e da segregação.
O fundamentalismo no poder legislativo brasileiro tenta impor sua visão religiosa, agredindo a laicidade do estado, assim usou o site da Câmara dos Deputados para realizar uma enquete com a pergunta: “Você concorda com a definição de família como núcleo formado a partir da união entre homem e mulher, prevista no projeto que cria o Estatuto da Família?” Até agora mais de 560 mil internautas responderam a pergunta que apresenta o seguinte resultado: 50.83% responderam “não”, não concordo com a definição de família do estatuto; 48.78 % responderam “sim”; enquanto 0.39 % não souberam opinar. Mesmo sem caráter cientifico, a enquete está mostrando o amadurecimento social brasileiro, que busca construir um país melhor para todos. E você? E a sua família? Como vai?
Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas “horas vagas” (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil” pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: [email protected]