Ricardo Ferraço (PSDB) deu um tiro no escuro quando aceitou relatar a Reforma Trabalhista no Senado. Quando as luzes se acenderem, na apuração das urnas, em outubro de 2018, o senador saberá se errou ou acertou o tiro.
O sucesso desse tiro, em parte, depende da promessa que o senador vem fazendo pelos quatro cantos do país virar realidade. Ele jura de pés juntos que a aprovação da reforma devolverá os postos de trabalho à massa de desempregados. Se isso não acontecer, como ponderam alguns analistas que creem que só o reaquecimento da atividade econômica é capaz de gerar emprego, o senador cai em desgraça.
Mas o problema que preocupa Ricardo Ferraço é mais imediato. Ele tem se esforçado para descolar a reforma do combalido presidente Temer. Repete que as reformas (Trabalhista e da Previdência) não pertencem a Temer e sim, ao Brasil. E vai mais longe. Além do desembarque imediato do governo Temer, Ricardo também defende que Aécio Neves – seu padrinho político no PSDB – seja afastado de vez da presidência e o comando do partido entregue em definitivo ao senador Tasso Jereissati. Ele também comunga da opinião de FHC, que pede a antecipação das eleições.
Os pleitos de Ricardo Ferraço são os mesmos da ala mais progressista do PSDB, sobretudo os mais jovens, os chamados cabeças pretas. O senador capixaba sabe que os “cabeças brancas” do partido têm posição bem mais conservadora sobre o rompimento da aliança com o atual governo. Uma nova avaliação sobre um possível desembarque só deve acontecer em agosto.
A necessidade de sobrevivência política do senador, que hoje está ancorada à reforma desvinculada de Temer, o transformou, pelo menos na narrativa, em um genuíno cabeça preta.