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A vez dos fichas-limpas

Em recente entrevista a Século Diário, o deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB) previu que o tema corrupção seria um dos principais assuntos do debate eleitoral de 2018. A pesquisa Datafolha, publicada nesse sábado (24), confirmou a tese do deputado. A corrupção é o assunto que mais preocupa o brasileiro. O problema foi citado espontaneamente por 23% dos entrevistados da pesquisa, que ouviu 2.771 pessoas em 194municípios em todo o país. 
 
Os dados apontam como a corrupção ganhou importância, sobretudo nos últimos três anos, com os escândalos que vieram à tona na esteira da operação Lava Jato. O mesmo Datafolha, no levantamento de 2010, revelava que o tema era citado por apenas 4% dos entrevistados. Um subida considerável: quase seis vezes.
 
Em tese, com base nos dados da pesquisa, é pertinente afirmar que os candidatos fichas-limpas terão mais sucesso nas urnas em 2018. De outro lado, os que têm “culpa no cartório” terão que tentar “limpar suas fichas” até o início do processo eleitoral ou torcer para que o tema não cruze seus palanques. 
 
No Espírito Santo, o tema corrupção é desconfortável tanto para lideranças importantes que tiveram seus nomes registrados em planilhas de doação de “caixa 2” como para as que foram citadas pelos delatores da Odebrecht, no âmbito da Lava Jato.
 
O atual governador e o último pareceram nas bocas dos delatores como beneficiários do esquema de “caixa 2” da empreiteira: Paulo Hartung (PMDB) teria recebido R$ 1 milhão e Renato Casagrande (PSB) R$ 1,8 milhão. Entre as lideranças mais graúdas manchadas pela Lava Jato ainda estão o senador Ricardo Ferraço (PSDB) e o prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS). 
 
Esse cenário, sempre em tese, é importante registrar, torna-se propício para figuras como o deputado Sérgio Majeski, que ainda não revelou se buscará a reeleição ou se concorrerá a um cargo majoritário em 2018 (Senado ou governo), mas que com toda a certeza estará na disputa. Além da ficha intacta reluzente — sonho de consumo de 10 entre 10 políticos —, o deputado do PSDB tem uma trajetória muito recente na política (assumiu seu primeiro mandato em 2015), o que o separa dos políticos carreiristas. Seu retrospecto na Assembleia ainda reforça que até agora ele não foi contaminado pelo vírus da velha política.
 
É preciso considerar que nessa aversão à corrupção, o eleitor, muitas vezes, decepcionado com a classe política (a mesma pesquisa mostra que apenas 2% da população têm muita confiança nos partidos políticos), acaba associando alguns nomes, mesmo os que não apareceram nos últimos escândalos de corrupção, ao que há de pior na política. É como se eles pagassem a conta pela convivência silenciosa ao longo de todos esses anos com a roubalheira desmedida dos colegas. 
 
Se de fato a corrupção medir a altura do sarrafo nesta disputa eleitoral, haverá muito candidato ficando pelo caminho. 

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