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A virada dos Ferraço

Eles são pai e filho. Fraternos nessa condição, já na política cada um caminha pelos seus próprios pés, embora persigam o mesmo objetivo: o poder. Naturalmente, no Espírito Santo. Onde ainda impera outro contemporâneo do filho na política, Paulo Hartung. Pois a geração do pai é ainda do tempo dos governadores Max Mauro, Elcio Alvares, em que só ele sobreviveu, dando cotovelada à direita e à esquerda. 
Este pai é Theodorico Ferraço, e o filho, obviamente, Ricardo Ferraço (PSDB). O pai deputado estadual pelo DEM,  e até outro dia presidente da Assembleia Legislativa. Já o filho, segue voando mais alto. No Senado, com um desempenho invejável para um senador capixaba.  
Enquanto o filho guia bem os seus propósitos de poder (daqui a pouco volto a falar sobre ele), o pai vai de tapas e beijos para cima do governador Paulo Hartung. Método habitualmente empregado em favor da sua longevidade política. A exemplo do que o manteve por três mandatos à frente da Assembleia. 
O decano da Casa construiu um currículo vigoroso ao longo de meio século de trajetória política: quatro mandatos de prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, deputado federal e estadual. Sem contar que foi seu nome que elegeu a mulher, Norma Ayub, duas vezes prefeita de Itapemirim, e ainda emprestou prestígio para o filho construir outra carreira política de sucesso.
É com esse espólio político que ele está indo para cima de PH. Ferração o Plenário silenciar quando fala, agora da planície. Ele demonstra que tem objetivos claros em relação a PH. Colocando em risco a blindagem do governador de não conhecer oposição nos seus períodos de governo – a não ser a partir deste terceiro mandato com Sérgio Majeski (PSDB), único deputado assumidamente oposicionista. 
Assim como Ferração, pelos anos 60 e 70, demoliu o mais poderoso núcleo de esquerda do Estado, que era o de Cachoeiro de Itapemirim, encastelado na prefeitura, vai querer empregar seu poder de fogo agora para cima de PH. 
Não é o método do filho: um sem voto com ocupação constante em  importantes cargos eletivos por conta exatamente de sua sagacidade, da boa formulação política e  da capacidade de mexer-se até partidariamente no ajuste do seu projeto de poder,  como o fez recentemente trocando o PMDB pelo PSDB. 
Agora mesmo  ele fez um movimento e tanto em favor de suas ambições políticas. Depois de frequentar assiduamente a oposição (leia-se Renato Casagrande e Luciano Rezende) ele armou um pontilhão para chegar no governador Paulo Hartung com a ida iminente de um dos seus principais assessores, Vandinho Leite, para o governo, criando outra opção em favor da sua reeleição para o Senado.
Embora não queira se dizer que a via PH é a melhor, mas sim outra alternativa. Aliás, clássica da política: da necessidade sempre de se contar com mais de uma via para alcançar o objetivo.  
Mas até onde esse jeitão de fera ferida de Ferração pode atrapalhar os planos do filho? Embora eu tenha até pós-graduação em matéria de Ferração, confesso que tenho lá minhas dúvidas de que ele possa recuar na hora em que o filho fizer opção pelo caminho de PH. Pois o que vem pelo lado do Ferração é  uma batalha decisiva para liderar um movimento para privar o governador Paulo Hartung do poder, com o  desenho  de um novo futuro político para o Espírito Santo.    

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