É verdade que o pacote de investimentos em infraestrutura anunciado pelo governo federal, dificilmente deixaria o Espírito Santo de fora. Afinal, a presidente Dilma Rousseff resolveu abrir o cofre. Estão previstos R$ 133 bilhões em concessões de ferrovias e rodovias até 2037. Sem contar que, no plano de capilaridade apresentada, o Espírito Santo passa a ter papel estratégico em função da sua saída para o mar.
Boa parte deste investimento, R$ 91 bilhões, deve ser aplicada na ampliação das ferrovias. Dilma literalmente quer pôr o Brasil nos trilhos: estão previstos 10 mil quilômetros de ferrovias. A malha ferroviária deve priorizar a ligação entre as regiões produtoras e os portos. É ai que entra o Espírito Santo.
O Estado, numa mordida só, deve levar uma ferrovia, que ligará Vitória a Campos, no Rio de Janeiro; e a duplicação da “mortífera” BR 262, no trecho entre a Capital e João Molevade, já em território mineiro. Em setembro, o Estado deve ser contemplado com investimentos em portos, com o aprofundamento do calado do Porto de Vitória, e, finalmente, com o destravamento das obras Aeroporto Eurico Salles.
O governador Renato Casagrande, não é pra menos, comemorou o anúncio. O socialista reconheceu que, desta vez, o governo federal incluiu o Espírito Santo no mapa do desenvolvimento. Ele aproveitou também para destacar que nada acontece por acaso. Lembrou que houve uma forte articulação do seu governo nesse sentido.
De fato, há de se reconhecer, que o governador Casagrande, ao contrário de seu antecessor, se esforçou para manter uma boa relação com o Palácio do Planalto. Também, diferente de Paulo Hartung, em vez de chorar pelo leite derramado e se conformar com o estigma de que o Espírito Santo era o “patinho feio” dos estados, Casagrande levantou a cabeça e foi incontáveis vezes a Brasília com o pires na mão. Foi perseverante e humilde.
Além dos investimentos prometidos para os grandes projetos de infraestrutura, Casagrande também viu cair mais dinheiro no seu pires. O ministro Guido Mantega anunciou nesta quinta-feira (16) um aumento do limite de endividamento de 17 estados brasileiros em até R$ 42,2 bilhões, dentro do Programa de Ajuste Fiscal (PAF).
O Espírito Santo que vinha pleiteando empréstimo no BNDES foi um dos contemplados. O Estado conseguiu R$ 4,6 bilhões. O recurso, que não deixa de ser uma compensação do governo federal pelas perdas impostas pelo Fundo de Participação das Atividades Portuárias (Fundap), vai permitir que o governo do Estado mantenha seus investimentos em 2013 e 2014, que até poucos dias reservavam um futuro pouco promissor para o Estado. O próprio governador já alertava que a ordem para os seus dois últimos mandato seria para arrochar os cintos.
Com a injeção de recursos, Casagrande poderá assegurar seus investimentos em mobilidade urbana na Região Metropolitana da Grande Vitória, com o Bus Rapid Transit (BRT). Deve sair do papel também o projeto da Quarta Ponte e conclusão das obras da alça da Terceira Ponte.
O pacote de investimento, sem dúvida, deve dar um novo fôlego para os dois anos finais do mandato de Casagrande que, agora, tem mais chances de dobrá-lo por mais quatro anos.