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Ação ‘equivocada’ está andando

No último debate da TV antes das eleições (TV Gazeta, 30/09/2014), a candidata Camila Valadão (PSOL) encostou o adversário Paulo Hartung (PMDB) na parede. Ela exigiu explicações sobre as obras inconclusas do posto fiscal em Mimoso do Sul; as viagens aéreas da então primeira-dama ao Rio e a São Paulo, todas pagas com dinheiro público; e a omissão da declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral de uma mansão em Pedra Azul.
 
Ante a evasiva do candidato, que só tergiversou, Camila insistiu: “Estamos falando de recurso público usado para fins privados. Não declarou a casa porque não quis. Escondeu. Isso que o senhor fez é crime eleitoral. A população quer saber qual é o patrimônio do candidato. O senhor vai ter que responder na Justiça. O PSOL apresentou uma ação…”
 
Para desqualificar os argumentos da candidata do PSOL, Hartung primeiro disse que o jornal (Século Diário), autor das reportagens que deram origem a boa parte das denúncias, não tinha credibilidade. Em tom de deboche, ele acrescentou que a representante do PSOL fora mal assessorada. “Dei uma olhada e vi que a ação está equivocada do ponto de vista jurídico”, afirmou Hartung com um riso nervoso no canto da boca. 
 
O riso tentava esconder a tensão, mas suas mãos trêmulas o denunciavam. Esse nervosismo não era exagerado. Ele sabia que a ação poderia prosperar, como está prosperando. 
 
No parecer assinado na última semana, o procurador regional eleitoral, Flávio Bhering, se manifestou pela rejeição das preliminares apresentadas pela defesa do governador eleito, que é acusado na ação de suposto abuso de poder econômico e omissão do patrimônio real na declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral. Será que o procurador também está mal assessorado?
 
Agora a ação segue para o vice-presidente e corregedor-geral do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES), desembargador Sérgio Luiz Teixeira Gama. Caso Gama decida pela manutenção do processo, o relator deverá se pronunciar sobre a produção de provas solicitadas pelo partido político, entre elas, a quebra do sigilo fiscal de Hartung e da mulher, a psicóloga Cristina Gomes, além da abertura das contas da empresa de consultoria Éconos para apurar a suspeita de formação de “caixa dois” eleitoral.
 
Se a estratégia era desqualificar a ação, contando com seu arquivamento prematuro, Hartung fracassou. Ponto para o PSOL, que, diante de denúncias tão concretas não pensou duas vezes para contestar a candidatura de Hartung na Justiça. 
 
A propósito, o partido acertou novamente ao fazer uma avaliação do processo eleitoral. No evento, que reuniu representantes de todo o Estado, o PSOL decidiu que fará oposição sistematicamente ao governador eleito. 
 
Com a decisão, o partido mostra, mais uma vez, que é coerente à sua proposta ideológica, ao reivindicar legitimamente o papel de oposição ao novo governo. “É necessário intensificar nossas relações com outras organizações de esquerda, com a articulação de uma ampla frente social e política de oposição a Hartung. O PSOL tem condições de ser protagonista desta iniciativa”, alerta o documento-balanço do partido. 
 
Pelo visto, Camila Valadão, que causou uma tremedeira sem precedentes no então candidato Paulo Hartung, não vai deixá-lo em paz tão cedo.

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