Os chamados anos pré-eleitorais, aqueles que antecedem eleições, são considerados anos mornos, sem a efervescência da disputa de rua. Mas 2013 vai entrar para a história política do Espírito Santo, justamente por ter apresentado muitas movimentações que vão ecoar no processo eleitoral do ano que vem.
O ano começou com a posse dos novos prefeitos eleitos em 2012. Trazidos pelo clamor de mudança, encontraram prefeituras devastadas, com dívidas, equipamentos que não serviam nem para sucata e perda de receita e recursos federais, anunciando um 2013 difícil para os municípios.
Durante os cem primeiros dias, o discurso reverberou pelos meios políticos do Estado. Mas passado o período de adaptação, foi hora de mostrar serviço, mas nem todo mundo entendeu como funciona a coisa e continuou choramingando até meados do segundo semestre.
Pelas principais cidades do Brasil, os meses de junho e julho foram marcados por muita agitação. A classe política foi surpreendida por uma onda de protestos desencadeada pelo aumento da passagem de ônibus em São Paulo e arrefecido pela violência policial contra os manifestantes.
O Espírito Santo não ficou de fora do #vemprarua e promoveu a maior manifestação proporcional do País, reunindo mais de cem mil pessoas nas ruas da Capital.
O movimento proporcionou um outro ato inédito e que também chamou a atenção da classe política. A ocupação da Assembleia Legislativa, pedindo o fim da cobrança do pedágio na Terceira Ponte. Mais do que conseguir reduzir a tarifa, o movimento “ocupales” também mexeu com os deputados estaduais, que passaram a ficar mais preocupados com a reeleição.
Se os deputados sofreram desgaste, o governador conseguiu recuperar sua imagem que ficou apagada com tantos problemas e confusões da primeira metade de seu mandato. O socialista conseguiu emplacar, finalmente, uma marca em seu governo. Com uma série de medidas voltadas para o interior, repetiu Gerson Camata e se consolidou nos meios políticos.
Quando tudo parecia preparado para o processo eleitoral do ano que vem e o ano caminhava para um fim tranquilo, com a classe política convivendo apenas com a dúvida de quantos palanques eleitorais haveria em 2014, a chuva veio forte e recuperou uma expressão de uma década atrás: “reconstrução”.
Desta vez, porém, não se trata de um discurso maniqueísta de conquista de poder e sim uma reconstrução física, de mais de 50 municípios destruídos pela força da natureza em resposta ao modelo de desenvolvimento equivocado que acompanha a história do Espírito Santo.
Fragmentos:
1 – O destaque positivo do ano foi sem dúvida a reflexão provocada pelos movimentos de rua. Se a pauta não estava definida, se havia falta de liderança e um pouco de oba-oba, os protestos mostraram que o poder que vem das ruas pode incomodar.
2 – O ponto negativo foi justamente a falta de uma sequência no movimento. A produção de uma pauta ou um fórum permanente de discussão da política. Sem apurara essa revolta toda, o protesto perdeu força e ficou a impressão de que a política tradicional venceu.
3 – E 2013 termina com uma expectativa muito grande de que as urnas em 2014 mostrem os reflexos de tanto grito e tanto incômodo. Uma coisa é certa, não será tão fácil fazer campanha no ano que vem.