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Aeroporto X aquaviário

Tanto os governadores Paulo Hartung quanto Renato Casagrande – e podemos incluir a classe política capixaba – foram críticos contumazes em relação à morosidade do governo federal para concluir as obras do Aeroporto de Vitória, paralisadas em 2008 por irregularidades no contrato firmado entre a Camargo Corrêa e a Infraero. 
 
Em novembro do ano passado, a Infraero anunciou a retomada das licitações e prometeu recomeçar as obras no início deste ano. Foram tantas promessas não cumpridas que muita gente já não acredita mais que o Estado um dia vai ganhar um novo aeroporto. 
 
O curioso nessa história é que a mesma classe política capixaba que critica o governo federal pela lentidão nas obras do aeroporto, não consegue desenrolar as obras do aquaviário. 
 
É consenso que o aquaviário poderá dar mais mobilidade ao trânsito na Grande Vitória, sobretudo na ligação Vitória-Vila Velha. Os especialistas apontam que o aquaviário, integrado ao sistema Transcol, que propõe o projeto, poderá aliviar o tráfego de veículos na Terceira Ponte, especialmente o de e de ônibus. 
 
O transporte aquaviário, inaugurado em 1975 no governo Élcio Alvares, foi desativado no final da década de 90. Embora o modal tenha chegado a transportar quase meio milhão de passageiros/mês, ficou enterrado por quase uma década. 
 
No final do seu segundo mandato, o então governador Paulo Hartung esboçou desenterrá-lo. Mas o projeto só ganhou corpo mesmo no governo Casagrande. Em maio do ano passado, a Assembleia Legislativa aprovou o projeto do aquaviário. A expectativa era de que no segundo semestre deste ano a população já pudesse cruzar de Vila Velha para Vitória, e vice-versa, pelo mar. Doce ilusão.
 
Em novembro de 2014, o Ministério Público de Contas suspendeu os editais do aquaviário, alegando, entre outras irregularidades, quebra de sigilo no certame e ausência de licença ambiental prévia. 
 
Nesta segunda-feira (26), o secretário de Transportes, Paulo Ruy Carnelli, jogou a pá de cal derradeira nas pretensões do aquaviário ao anunciar o cancelamento do edital. Agora não se sabe como o governo Paulo Hartung irá tratar o projeto daqui pra frente. 
 
A novela do aquaviário expõe as contradições do poder público. O governo estadual se queixa da lentidão da União com relação às obras do aeroporto, mas está há mais de 15 anos tentando ressuscitar um transporte essencial que nunca deveria ter morrido.

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