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Águas de março

Desde o início do verão, em dezembro passado, as coisas não vão bem para o governador Renato Casagrande. Depois da tempestade que devastou o Estado, não veio a esperada bonança. Os últimos quatro meses não estão sendo fáceis para o socialista. 
 
O governador passou os dois primeiros meses do ano correndo atrás de recursos para socorrer os municípios atingidos pelas chuvas. Logo após o carnaval, quando imaginava que colheria os frutos desse esforço, foi surpreendido com a hostilidade de alguns deputados, especialmente Euclério Sampaio (PDT) e Paulo Roberto (PMDB). O governador enfrentou uma prestação de contas turbulenta na Assembleia Legislativa como não se via há muito tempo. Casagrande teve que subir nas tamancas para restabelecer a “ordem”, ou seja, pôr o deputado Paulo Roberto no seu devido lugar. Para quem cultiva com tanta destreza o campo da unanimidade, controlar “motins” no Legislativo estadual, em pleno ano eleitoral, não fazia parte dos planos do governador.
 
Não bastasse o desgaste com o Legislativo, que agora trava uma peleja de vetos com o Executivo, o governador enfrenta uma semana de paralisações no serviço público. São quatro paralisações no três primeiros dias desta semana. Na segunda e terça (17 e 18), o magistério foi para as ruas. A manifestação reuniu cinco mil professores nessa terça. Eles reivindicam uma reunião com o governador. 
 
Nesta quarta-feira (19), mais duas categorias paralisaram as atividades. O Sindicato dos Servidores Públicos do Espírito Santo (Sindipúblicos) prometem interromper por 24 horas as atividades dos 22 mil servidores das administrações diretas e indiretas (secretarias e autarquias). O sindicato reclama da falta de interlocução com o governo e não descarta uma greve geral, caso as negociações não avancem. 
 
Outros que se queixam da dificuldade de diálogo com o governo são os delegados da Polícia Civil. Não é de hoje que os delegados se mostram insatisfeitos com os baixos salários (segundo menor do País) e com as precárias condições de trabalho às quais os policiais civis estão sujeitos. 
 
Para piorar, a relação entre os delegados e o secretário de Segurança, André Garcia, está pra lá de esgarçada. Além da relação ruim com as polícias, o secretário também acumula reveses nas taxas de homicídios que só subiram em 2014. Aliás, outro ponto nevrálgico da gestão de Casagrande, que deve servir de munição para os adversários do socialista que pretendem disputar o governo este ano.
 
Se Casagrande alimentava a esperança de que as águas de março levariam o verão (termina nesta quinta, 20) e com ele a maré revoluta desses quatro últimos meses, se enganou. Os próximos nove meses do ano, que encerram o atual mandato de Casagrande, sinalizam desafios para o governador que almeja a reeleição. 
 
Como havia se queixado na Assembleia, durante a prestação de contas, no governo de Paulo Hartung, comparou Casagrande, as coisas foram mais fáceis. “Todo mundo estava empurrando o carro na mesma direção”. Já no seu governo, deixou implícito, a pegada é outra. Talvez quisesse dizer que tem muita gente com a mão no carro, mas só encenando. Empurrar que é bom…
 
Sinais de que o arranjo da unanimidade já não é tão unanime assim. 

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