Quinta, 28 Março 2024

Amarrado

A demora do Tribunal de Contas do Estado (TCES) em julgar os processos de prestação de contas do Iases expõe ainda mais as relações de poder entre o órgão e o governo Paulo Hartung (PMDB). Integrante do arranjo institucional perpetuado pelo ex-governador durante oito anos, o tribunal sempre atuou em favor dos interesses de Hartung, quem continua garantindo o ingresso de fieis aliados na composição do plenário. Não é de se estranhar, portanto, que as contas referentes aos exercícios 2008 – ano do primeiro contrato com a Acadis -, 2009, 2010 e 2011, estejam até hoje paradas no TCES, sem qualquer decisão. E paradas na área técnica, que de um modo geral age com rigor diante de casos semelhantes. A documentação em questão tem graves indícios de irregularidades, com fraudes e constantes aditivos, além de erros grotescos, perceptíveis a qualquer profissional da área. Imagine para um servidor de um órgão que existe para esta função. Se os processos estão até hoje devidamente guardados nas gavetas do tribunal, é exatamente para blindar a alta cúpula do governo passado. O esquema é grande. 

 
Amarrado II
No ano em que chegou ao TCES o primeiro processo, em 2009, referente ao ano anterior, na presidência do órgão estava o conselheiro afastado Marcus Madureira. Embora não fosse considerado do grupo de Hartung, Madureira, como presidente, foi o que mais se alinhou às necessidades do ex-governador, mantendo com ele uma relação marcada por total submissão aos interesses do ex-governador. 
 
Amarrado III
Também em 2009, chegava ao TCES, como conselheiro, o aliado político de Hartung de longa data e seu ex-secretário da Casa Civil, Sérgio Aboudib. Pouco tempo depois, ele assumiu o cargo de vice-presidente do conselheiro Umberto Messias, que sucedeu Madureira. Após o escândalo envolvendo Messias, que culminou com seu pedido forçado de aposentadoria, Aboudib assumiu como presidente. No início deste ano, com a eleição de Sebastião Carlos Ranna, ele voltou ao posto de vice-presidente. Ou seja, tudo em casa. 
 
Gastou saliva
Ranna, aliás, passou um sufoco nesta terça-feira (21), para tentar justificar tamanha demora em dar respostas aos processos, em entrevista à Rádio CBN Vitória. Tentou jogar o problema para o campo da falta de pessoal e de infraestrutura, mas acabou sendo obrigado a admitir erro do órgão. 
 
Prato cheio
A omissão do Tribunal de Contas em julgar as contas do Iases serviu como um excelente álibi para os envolvidos no esquema durante todo esse tempo. Logo das denúncias reveladas por Século Diário, a justificativa do colombiano Gerardo Mondragón para pontuar que as mesmas eram infundadas, tinha como base exatamente o Tribunal de Contas, já que o órgão não havia vislumbrando irregularidades. 
 
Cliente VIP
As informações dando conta de que a diretora-presidente do Iases, Silvana Gallina, presa em Tucum, Cariacica, estaria recebendo tratamento privilegiado, com regalias, a mando do secretário de Estado de Justiça, Ângelo Roncalli, serão investigadas pelo delegado Rodrigo Laterza. A pedido do Tribunal de Justiça do Estado (TJES). 
 
Pagando pra ver
Por falar em Roncalli, na Assembleia Legislativa, já há movimento de alguns deputados pedindo a cabeça do secretário, com convicção do envolvimento dele no escândalo, caso de José Esmeraldo (PR). Agora, os parlamentares se deparam como uma situação envolvendo um colega de plenário, o pedetista Da Vitória, incluído entre os investigados. E aí? Vai prevalecer o corporativismo?
 
Segue...
A contar pelo comportamento do deputado Genivaldo Lievori (PT) nesta terça-feira (21), tudo indica. O petista deveria ser o primeiro interessado na Casa a voltar a mira contra Da Vitória (PDT), em favor da candidatura à reeleição do prefeito também petista Leonardo Deptulski, o Batata, em Colatina. Mas subiu à tribuna da Casa, criou expectativa, e nada. Falou muito, menos do escândalo. 
 
Sem solução
A propósito, no município, a situação complicou para a oposição de Batata. Com a batata assando para o lado do candidato Da Vitória, o grupo ficou de mãos abanando. Cirilo Tarso, nome mais indicado para substituir o pedetista, não se desincompatibilizou de seu programa de rádio, como exige a legislação eleitoral. Único recurso seria o deputado federal Paulo Foletto (PSB). Mas vai pegar muito mal o socialista voltar atrás, depois de todo o discurso para justificar seu recuo e ainda mais enaltecer conduta de Da Vitória, investigado por corrupção. 
 
140 toques
“Feliz com o telefonema do Lula: ‘Companheira, estou chegando aí em breve, faço questão disso”. (Deputada federal Iriny Lopes – PT – no Twitter).
 
PENSAMENTO:
“Errar é humano. Culpar outra pessoa é política”. Hubert H. Humpherey

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