O governador Paulo Hartung (PMDB) entra em um momento político bem delicado com a chegada nos próximos dias no Superior Tribunal e Justiça (STJ) dos pedidos de abertura de inquérito sobre as relações da Odebrecht com o peemedebista. Como bem frisou o vice-governador César Colnago (PSDB) na prestação de contas do governo, “delação não significa condenação”.
Mas a abertura do inquérito atinge a imagem do governador, o que para um político é um golpe muito duro. Ainda mais para um político que pautou sua trajetória no discurso da honestidade, em um político que promoveu uma “faxina ética” no Estado quando chegou ao governo em 2003. Talvez isso explique a ida do vice-governador à Assembleia nesta quarta-feira (17) para fazer a prestação de contas do governo.
Hartung teria uma brecha no regimento da Assembleia para prestar contas no segundo semestre, mas preferiu enviar o vice, durante uma licença médica. É fato que o governador está em meio a um complicado tratamento, que precisa se afastar do cargo, mas como já tinha passado o prazo mesmo, por que a necessidade de enviar o vice?
Diante de algumas saias justas apresentadas na sessão, dá para perceber que a decisão de Hartung foi acertada. Colnago mostrou desenvoltura para desarmar as armadilhas de alguns deputados. Hartung não teria a mesma capacidade de convencimento que o tucano, partiria para cima dos deputados como fez em outras ocasiões.
Já o governador fica no alvo com a investigação do STJ. Ainda mais porque essa questão terá repercussão na mídia nacional, ou seja, a operação abafa aqui no Estado não vai resolver, não tem como represar.
Resta saber como fica a situação das outras lideranças citadas e como o governador vai lidar com outra realidade política. A primeira resposta não é boa. Diz que não faz sentido a denúncia porque não disputou. Esse texto está superado. Hartung precisa dar uma resposta forte e convincente. Vamos aguardar.
Fragmentos:
1 – O presidente da Assembleia está mesmo empenhado em dar visibilidade à ideia de independência entre os poderes. Na prestação de contas do governador em exercício César Colnago (PSDB). Como de praxe, um grande movimento de secretários, subsecretários e outras lideranças encheu o plenário.
2 – Mas, diferentemente de eventos passados, apenas o secretário-chefe da Casa Civil, José Carlos da Fonseca Júnior, responsável pela interlocução com o Legislativo, foi convidado a compor a mesa.
3 – Do deputado Givaldo Vieira no Plenário da Câmara: “A situação do Hospital Infantil é de completo abandono por parte do Governo do Espírito Santo. Faço ecoar para o Brasil a voz de tantas famílias capixabas angustiadas e de profissionais do hospital, que sofrem pela falta de sensibilidade do governador Paulo Hartung”, disse.