Com o clima macabro do Halloween enchendo o ar e as lojas, outubro dá adeus a 2015 – Descanse em Paz. Que melhor assunto para essa divertida época do ano que cemitérios? O tema nunca é explorado pelas agências de turismo, mas alguns deles são verdadeiros sítios históricos e culturais, visitados por milhões de turistas a cada ano. Mas onde os turistas não se infiltram?
O Cemitério de Miami, no nobilíssimo bairro de Coral Gables, foi construído em 1887, sendo o mais antigo da Cidade. Era dividido em três partes – a primeira para os brancos, a segunda para os judeus e a terceira para os negros. Ali estão enterradas figuras proeminentes da história local, como a fundadora de Miami, Julia Turtle, soldados da Guerra Civil Americana – 66 Confederados e 23 da União – e dois mil soldados da guerra hispano-americana, de 1898.
O cemitério mais famoso e mais visitado do mundo é o Pere-Lachaise, em Paris, onde descansam famosos como Edith Piaf, Oscar Wilde, Jim Morrison. O Pere-Lachaise ditou a moda para muitos cemitérios mundo afora, com árvores frondosas, muito mármore e um mar de lápides. O cemitério é tão grande que os visitantes precisam de mapas para conhecê-lo. Inaugurado em 1804, os parisienses fazem cooper nas suas aleias sombreadas.
O Velho Cemitério Judeu, em Praga, data do século XIV. Por muitos séculos esse foi o único cemitério permitido para os judeus, e por falta de espaço, eram enterrados uns sobre os outros – tem locais com mais de 12 camadas com lápides esculpidas com figuras representando os símbolos judeus dos nomes das famílias. O cemitério São Louis Número 1, em Nova Orleans, na Louisiana, foi um dos cenários do filme Sem destino, de 1969.
O Cemitério Nacional de Arlington, na Virgínia, Estados Unidos, guarda os restos de mais de 14.000 veteranos das guerras americanas, desde a Guerra Civil. O cemitério de Okunoin é o maior do Japão, na cidade-templo de Koya-san. Nele está o Mausoléu Kobo Daishi, iluminado por 10 mil lanternas de bronze. Sendo lanternas a óleo, quantos monges as mantêm acesas? O Cemitério de Viena é notável por seu tamanho – dois quilômetros quadrados, com mais de três milhões de tumbas. Ali descansam Johan Strauss, Brahms, Beethoven… Tão grande, e não tinha lugar para Mozart.
O cemitério de Xoxocotlan, em Oaxaca, no México, fica superlotado nas celebrações do Dia dos Mortos. As vigílias começam no dia 31 de outubro, e os mortos são reverenciados com altares, velas e pétalas de mal-me-quer, também chamados cravos de defunto. No Cemitério Novo, ao lado, as famílias fazem piqueniques, com muita música e barracas vendendo o tradicional pão dos mortos. Tudo isso pode ser visto no belo filme animado, O livro da Vida
Greyfriars Kirkyard, em Edinburgo, fica ao lado de uma igreja, como era comum no passado. Esse cemitério tem fama de mal-assombrado, embora não se saiba se existem bem-assombrados. O local foi também uma prisão no Século XVII, e hoje é atração turística. No La Recoleta, em Buenos Aires, os turistas visitam o túmulo de Eva Duarte, ou Eva Peron. Entre grandes estátuas de anjos e mausoléus esculpidos, se destaca a escultura “de partir o curacao“, de uma noiva que morreu numa avalanche na lua de mel.
O Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, é beneficiado pela vista do cartão postal da cidade, a Ponte 25 de abril. Famoso pelas sepulturas monumentais, a do Duque de Palmela é a maior da Europa. A Cidade dos Mortos, no Cairo, mais conhecida como “al Qarafa” (o cemitério), tem mais de mil anos, e é local de residência da população mais pobre, com casas e lojas construídas entre os túmulos. As autoridades locais não gostam que seja promovido como atração turística, mas os turistas vão visitar assim mesmo. Tenha um Halloween assustador nesse fim de semana!