quarta-feira, janeiro 15, 2025
22.7 C
Vitória
quarta-feira, janeiro 15, 2025
quarta-feira, janeiro 15, 2025

Leia Também:

Baile eleitoral

Depois de conseguir que o mercado político capixaba acreditasse em sua candidatura ao Senado – como parte de uma estratégia para inserir-se na política nacional -, o governador Paulo Hartung (PMDB) retorna à política estadual com a mesma virulência de quando armou-se para apear o ex-governador Renato Casagrande do governo.
 
É só armar palcos que ele surge para malhar o adversário de antes. Repetindo o mantra de então: “Renato arruinou as finanças do Estado”. Um tipo de ataque que havia interrompido quando adotou o caminho para o Senado. Ele mexe com o nervos do ex-governador, mas também de agregados e postulantes a cargos eletivos.
 
Como o caso específico do seu vice, César Colnago(PSDB). O tucano sonha com Hartung disputando o Senado com a cadeira de governador reservada para ele. Colnago é, sem dúvida, um político com enorme senso de oportunismo, acostumado a fazer de um limão uma limonada. Ele com certeza não se limitaria a ficar no governo por apenas oito meses da ausência de PH. Logo ele que à sombra deste mesmo PH tornou-se presidente da Câmara de Vereadores de Vitória, presidente da Assembleia, e agora é vice-governador, além de ter amealhado alguns mandatos de deputado federal.
 
Mas se o PH decidir ficar no Palácio Anchieta, cair por terra o sonho de Colnago. O tucano não pode esquecer que está lidando com um político astuto e blefador. É da natureza de Hartung derrubar favoritos na hora H. A força dele está em mexer com expectativas eleitorais dos jogadores. Se ele disputar a reeleição, presenteia Ricardo Ferraço (PSDB) com uma provável reeleição ao Senado.
 
Também não estou aqui para assinar embaixo que Hartung fará essa mudança. Mas levo em consideração a conduta de PH a essas viradas de mesa, como ocorreu em outras disputas. Quem acreditou cegamente nele, se deu mal. Não me deixa mentir o caso do próprio Renato Casagrande(PSB), que entrou numa dessa na disputa passada. O socialista acreditou até o último instante que PH disputaria o Senado e ele ficaria com o caminho livre para ser reeleito governador. Acabou ficando pelo caminho, amargando um exílio e tanto de poder.
 
Falando de Renato, não diria que ele vai levar outro baile do PH numa nova eleição para o governo. A situação hoje lhe é relativamente cômoda. Enquanto PH oscila entre os aplausos do empresariado pelas medidas drásticas de contenção de despesas e a repulsa do movimentos sindicais que resistem em pagar a conta do ajuste, Casagrande ganha fôlego eleitoral, mas também tem dificuldades pela frente.
 
Ele ainda digere o complexo de perda em sua passagem pelo governo sem ter conquistado a reeleição. Mas uma nova disputa ao governo parece inevitável. Porque sair dessa disputa ao governo poderia lhe causar perdas de musculatura eleitoral. O que restaria? O caminho para o Senado, por exemplo, está minado. Deputado federal? Seria uma queda irremediável para o ex-governador.
 
Contra as chances de Casagrande pesam ainda os resultados negativos colhidos nas eleições municipais. Os desempenhos dos candidatos apoiados por ele foi lastimável: o PSB caiu de 22 prefeituras para seis. Sem contar que a disputa lhe impôs uma forte dependência política ao prefeito reeleito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), conhecido por sua desenfreada ambição política.
 
Essa instabilidade de Casagrande deve ter contribuído para essa ameaça de mudança de rota de PH. Pois além do socialista não há nome capaz de impedir que Hartung continue dando as cartas na política capixaba. 
 
É preciso lembrar, porém, que as máscaras usadas para esse novo baile eleitoral de 2018 não têm mais os atrativos de outrora. Decifrar seu rastro não é mais uma atividade impossível. PH não é mais um Ulisses com o seu enorme cavalo de madeira, que facilmente enganou os troianos.

Mais Lidas