Dois dias após a aprovação do texto-base da Reforma Trabalhista, que traz uma série de perdas de direitos ao trabalhador, uma greve geral recoloca o movimento sindical em um ambiente de onde nunca deveria ter saído, a rua. Esse movimento reavivou uma discussão nas redes sociais que tomou conta do País, na época do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Para os apoiadores do impeachment, o movimento desta sexta-feira (29) é uma ação dos que perderam o poder e querem retomar, para quem está fazendo o movimento e hora de reforçar as palavras de ordem do “Fora Temer” e as trocas de ofensas são muitas, deixando de lado o debate político saudável. A pobre dialética que tomou conta do Brasil desde a eleição de 2014 ganhou uma revisitação nesta sexta-feira (28).
No meio disto está a bancada capixaba. Metade dela votou contra a reforma. Entre os que se posicionaram contrários estão os deputados ligados à questão trabalhista, como os dois petistas, Givaldo Vieira e Helder Salomão, Sérgio Vidigal (PDT), Jorge Silva (PHS) e Carlos Manato (SD), esse último só cumpriu a orientação partidária do “dono” da sigla, o deputado federal Paulinho da Força.
A outra metade votou a favor da reforma e já nesta quinta-feira começou a enfrentar as consequências. Muitos de seus eleitores não gostaram. Votaram a favor da reforma os deputados Lelo Coimbra (PMDB), líder da maioria do governo na Câmara; Evair de Melo (PV), que parecia disposto a votar contra; Norma Ayub (DEM), que seguiu orientação da bancada; Marcus Vicente (PP), que nunca foi contra; e surpreendentemente, Paulo Foletto (PSB), que pode ser punido por contrariar a orientação do partido.
A birra política por causa da manifestação dessa sexta pode até tirar o foco do voto dos deputados do Estado, mas se as reformas tiverem um efeito rápido na desvalorização do trabalho no Brasil, como a ampliação da terceirização e desvalorização do salário, os deputados que votaram a favor dela podem pagar o pato em 2018, sim.
Fragmentos:
1 – Pela postagem do ex-governador Renato Casagrande nas redes sociais, a principal estrela socialista e o presidente do partido no Estado, deputado federal Paulo Foletto, que votou a favor do texto-base da reforma trabalhista, não estão falando a mesma língua. “Não me posiciono contra alterações nas legislações vigentes que promovam modernização e atualização das normas legais, retiram privilégios e nos leve a um futuro de sustentabilidade fiscal. Mas o que estamos assistindo é uma voraz articulação para reduzir direitos dos segmentos mais vulneráveis da sociedade”, disse o ex-governador.
2 – Foletto e metade da bancada socialista estão sob ameaça de expulsão do partido por votar contra a orientação da Executiva. A fala de Foletto sobre o caso não parece levar em conta o quanto a eleição do próximo ano é fundamental para o PSB capixaba, afinal, ele deveria estar à frente do processo.
3 – Os vereadores de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, não estariam satisfeitos com o salário de R$ 6,1 mil . Um movimento nos bastidores estariam sendo articulado por reajuste salarial, já que o valor está congelado desde dezembro de 2016.