Inesperada volta ao Brasil em setembro, pagando um horror pela passagem. Tudo por causa de um email: “Prezada Wanda, É com enorme prazer que informamos que seu texto As horas tortas está entre os finalistas do 10º Prêmio Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil, das Edições SM. O vencedor será anunciado no próximo dia 23 de setembro durante a cerimônia de premiação. Esperamos muito contar com sua presença neste dia”.
Portanto, aqui vou eu, mesmo com a escassez de água que assola São Paulo. Em assuntos como chuva demais, inundações e desabrigados, ou o oposto, como seca, escassez de água e desabrigados, todos culpam o aquecimento global, o el ninho, o imponderável acaso. São eventos naturais, e nada se pode fazer… Pois sim! O clima é caprichoso, mas os governos têm que estar preparados para seus efeitos negativos, evitando excessivo sofrimento da população. Imagine-se uma cidade como São Paulo com as reservas quase secando!
Para começar, deveriam diminuir o número de aviões e ônibus chegando à cidade, o que complicaria minha ida ao auspicioso evento. Que já está bastante complicada, justamente pelo excesso de viajantes conturbando as vias aéreas. Os finalistas do concurso em questão são apenas quatro, e dizem que foram mais de mil concorrentes. Estou tremendamente honrada em estar entre esses quatro, uma turma jovem e talentosa que começa a se destacar na nossa literatura.
O prêmio Barco a Vapor surgiu na Espanha há mais de 30 anos, sendo conferido nos países onde o grupo atua: Espanha, Chile, México, Argentina, Porto Rico, República Dominicana, Colômbia, Peru e Brasil. Sempre um sucesso, o prêmio tornou-se uma das marcas da Fundação SM. Além de estimular a educação e a boa leitura, a Editora SM se dedica também ao trabalho social – apenas no ano passado, as ações socioeducativas da Fundação SM beneficiaram mais de 180 mil pessoas no mundo inteiro.
O processo de seleção dos textos recebidos passa por duas fases. Na primeira fase, os originais inscritos passam por uma triagem feita por um seleto grupo de escritores, professores e críticos. As obras finalistas – esse ano apenas quatro – são encaminhadas para um segundo júri, que escolhe um único vencedor. Somente no dia da premiação saberemos quem é o felizardo ou a felizarda cujo texto será publicado pela editora.
Já estou feliz em dividir com os outros três um lugar no pódio. Ganhar será ascender ao Olimpo, onde, apesar da descrença generalizada, ainda vagam alguns deuses remanescentes da antiga horda, como Paulo Coelho. Ou seria no Parnasso? O evento ocorrerá no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. Dia seguinte, almoço comemorativo com os quatro finalistas e os nove ganhadores dos prêmios anteriores. Muito chique, não?
Concurso literário é igual loteria – se você não joga, é certo que não ganha; se você joga, também não ganha, mas alguém tem que ganhar. A culpa é dos relógios que marcam as horas tortas. Ou das estrelas. Para comemorar a chegada de uma estrela nova no firmamento, o cosmo realiza o sonho impossível de algum terráqueo. Que pode ser o seu sonho, como pode ser o meu. Ganhando ou não, meu sonho já foi realizado… mas torçam por mim!