Me chama atenção a inabilidade na condução de unidade dentro da classe trabalhadora. Esse papel que deveria ser da direção da Central Única dos Trabalhadores (CUT) está sendo deixado de lado. Em plena eleição do Sindicato dos Vigilantes, que já está na Justiça por conta de uma manobra para manutenção do poder pela atual direção, a entidade não consegue lidar com um racha na diretoria do sindicato.
Nessa semana, acompanhei uma audiência na 4ª Vara do Trabalho em que se discutia a eleição, e um dos pontos que me preocupou foi a existência de um litígio entre três chapas. Até aí nada demais. O problema era de que todas as chapas diziam que estavam sendo representadas pela CUT. Como isso pode ser possível? Sendo duas oriundas da própria diretoria, e outra totalmente desvinculada da atual direção.
Todas juravam de pé juntos que eram cutistas, mas na verdade, o sindicato sequer é filiado à CUT. Desta forma, fica fácil descobrir onde a entidade deveria estar. Mas esse ponto não vem ao caso agora. É importante destacar que essa falta de unidade acaba prejudicando a classe trabalhadora. Vamos ficar no nosso exemplo: o movimento dos vigilantes, que chegaram a ensaiar um momento de greve no final do mês passado, diante desse tumultuado processo eleitoral, acabou não dando em nada.
O episódio relacionado aos vigilantes não é um caso isolado. Ao chegar em casa, acesso o meu Facebook e vejo os rodoviários, que têm uma diretoria totalmente desalinhada com os princípios cutistas, postando uma reunião dentro da CUT – e pasmem, dizendo ser apoiados pela entidade. Mas lá dá para entender bem: há um chapa de trabalhadores que estão defendendo a CUT porque avaliam que “a CUT é do trabalhador”.
Neste ponto, chegamos a um alerta a toda classe trabalhadora e dirigentes sindicais. Na luta entre o mar e o rochedo, quem leva ferro é o marisco. No caso da luta entre o capital e o trabalho, quem perde com essa divisão interna da CUT são os trabalhadores. As correntes de pensamento fazem parte dos movimentos de esquerda, a divergência é salutar. O problema é quando ela ameaça os trabalhadores e beneficia o patrão.
Os dirigentes não são preparados para ser maioria, quando uma tendência chega à maioria e quer matar as minorias. Isso leva a entender que a CUT está se transformando em uma entidade de tendências. Sendo que deveria ser uma entidade da classe trabalhadora. Já que o grande desafio – e o caminho a ser seguido – é o da unidade.