Está difícil convencer o eleitor a ir às urnas no próximo domingo (5). Parece que toda aquela revolta com a classe política de junho do ano passado e o clamor por mudança radical na postura dos representantes do povo se transformaram em um enorme sentimento de frustração, que em vez de inflar a população à lutar por mudanças, afastou-a ainda mais do processo político.
Ninguém quer saber de eleição. Nos últimos dias de campanha, os candidatos tentam chamar atenção dos eleitores, mas é difícil encontrar quem esteja com a “colinha” completa. As maiores dúvidas estão na proporcional, sobretudo, na escolha do candidato a deputado federal. Na eleição do Senado, a situação também é embolada entre os três primeiros, mas o número de indecisos é enorme.
Mas essa atitude não é a mais apropriada. Afastar-se do processo eleitoral é um perigo, pois permite que justamente aquelas raposas políticas continuem tomando conta do galinheiro. Diminui o campo de disputa e eles nadam de braçada.
No ano passado, em uma das tentativas de discussão sobre a reforma eleitoral, surgiu a ideia do voto facultativo. A ideia foi rejeitada porque favorecia quem tinha seus redutos e detinha o poder econômico. Mesmo não passando a proposta, o eleitor pode confirmar sua ausência com o voto obrigatório.
As demandas das ruas não foram atendidas, a política não mudou e o movimento não gerou suas lideranças. Até porque o número de pessoas realmente comprometidas com o movimento era pequeno, boa parte estava nas ruas pelo calor do momento. Passado algum tempo, não sobrou muita coisa, a não ser um monte de figurinhas carimbadas tentando pegar carona na onda das ruas.
Fragmentos:
1 – A partir desta terça-feira (30) ninguém pode fazer saques acima de R$ 10 mil para evitar compra de votos. Ironicamente, os bancos estão em greve.
2 – Foi-se o tempo em que a “colinha” para a eleição começava com o mesmo número para todos os cargos. A política partidária já era. Vota-se pela cara do freguês.
3 – Paralisação e protesto transformando a cidade em um caos, na semana da eleição. Pode até não ser, mas que parece ser eleitoreiro, parece.