Está no ar no You Tube uma boa conversa (44 minutos) de Ciro Gomes com o poeta-cantor Caetano Veloso, que está atuando como colunista da Midia Ninja.
Ex-ministro da Fazenda de Itamar Franco, ex-governador do Ceará e ex-prefeito de Fortaleza, Ciro Gomes se apresenta como um moderado disposto a retomar o projeto da social-democracia iniciado no governo Lula (2003-2010).
A tese central do candidato do PDT é que o governo brasileiro foi tomado por uma quadrilha a serviço dos norte-americanos, que visam especialmente controlar o petróleo do Pré-Sal.
Diante desse quadro inserido na moldura da globalização econômica, Ciro argumenta que o Brasil precisa ter um projeto de duplo sentido.
Em primeiro lugar, precisamos criar um projeto de defesa da própria soberania, o que inclui certa rebeldia em relação aos EUA e a busca de uma maior integração com outros países, a começar pela América Latina, onde o Brasil tem uma tradição como mediador de conflitos.
Em segundo lugar, os brasileiros precisam curar as feridas das últimas batalhas pela sobrevivência, reencontrando a esperança numa vida melhor.
“O povo brasileiro está machucado…”, afirma Ciro, salientando que é preciso tratar da questão cultural no sentido amplo da palavra “cultura”.
Segundo Ciro, a globalização econômica reduziu a cultura a uma questão de consumo, deixando de lado os valores espirituais, entre os quais se incluem os direitos humanos e o respeito à biodiversidade do planeta.
Em outras palavras, a cultura dominante torna “infeliz” quem não tiver capacidade de consumir as benesses materiais da civilização.
Quanto a isso, os meios de comunicação exercem um papel fundamental, pois “criam desejos” que não têm importância nem sustentabilidade.
Referindo-se à TV Globo, Ciro Gomes qualificou como deplorável o jornalismo “faccioso” praticado por essa emissora.
Referindo-se a seu filho Gael, de dois anos, Ciro disse que pretende ensiná-lo a não perguntar apenas “quanto custa?” diante de um produto, mas a acrescentar duas questões: “quem vai se beneficiar da minha compra?” e “qual o impacto desse produto sobre o meio ambiente?”
São perguntas cruciais porque, diz Ciro, é preciso agir contra as duas principais distorções do sistema de consumo desenfreado gerado pelo capitalismo.
Primeiro, a renda está excessivamente concentrada nas mãos de uma minoria que explora 7 bilhões de pessoas e degrada os recursos naturais do planeta; segundo, é preciso reverter o consumismo, que está destruindo a Terra.
Voltando à questão da soberania energética, Ciro afirma que o Brasil é privilegiado por possuir recursos naturais – rios, sol, vento, solos agricultáveis, petróleo –, mas falta criar um ambiente de colaboração entre ambientalistas e produtores de energia.
“O Brasil é o único país do mundo capaz de resolver equilibradamente o impasse entre a produção energética e a conservação da biodiversidade”, diz Ciro, numa alusão indireta à candidata Marina Silva, cuja campanha é centrada no ambientalismo.
LEMBRETE DE OCASIÃO
“Um país sem projeto fragmenta os próprios valores”.
Ciro Gomes em depoimento a Caetano Velloso na Midia Ninja