Acostumada a equilibrar-se na beira do abismo, ela já conhece bem as armadilhas da política, sobretudo as armadas pelo governador Paulo Hartung. Quando concorreu, lá atrás, dentro do PMDB com Hermes Laranja para disputar a prefeitura de Vitória, teve uma surpresa. PH chegou em cima da hora e a derrotou por magros dois votos.
Daí em diante ela viu ruir qualquer possibilidade de continuar a fazer política na Capital. Com o senso profissional que faz dela uma equilibrista política, ela foi para o interior construindo o caminho na Câmara dos Deputados. Foram seis mandatos, mas com votações, quase sempre, na conta do chá.
Até chegar à disputa atual para o Senado, em que Paulo esperava dar-lhe o tiro de misericórdia, embora ela fosse oficialmente candidata do PMDB de Paulo Hartung. despachou publicamente assumindo, o que não era sequer do seu estilo, a candidatura do adversário dela, o petista João Coser. E é aí que ele se deu mal. PHD em Paulo Hartung, ela tem deu a volta no homem.
Ela é hoje o calo do seu algoz de então, ainda mais agora com a saída do senador Ricardo Ferraço do PMDB. O campo ficou livre para ela estabelecer condições plenas de poder no Espírito Santo. Até porque o atual governador nunca desfrutou de bons laços na esfera política nacional, sobretudo, dentro do seu próprio partido.
Para se ter uma ideia do que a Rose de Freitas é capaz, basta dar uma olhada no desempenho dela nos seus mandatos de deputado federal. Jogou melhor do que muitos capas-pretas. Frequentou “bordéis políticos” do baixo clero. Chegou à vice-presidência da Câmara como candidata do atual presidente Eduardo Cunha, e numa depois ficou contra ele.
Essa é a Rose que está hoje chegando onde não se imaginava que pudesse chegar. Vão ter de engoli-la porque ela é uma carreirista política de alto bordo. Ainda mais no momento político que vive o seu partido no Espírito Santo, em que PH, em lugar de fortalecê-lo, só o desidrata.
As eleições municipais vão demonstrar isso com muita clareza. Onde PMDB vai ganhar? Em Vitória é que não será: a candidatura do deputado federal Lelo Coimbra engatinha por culpa dele, já que PH lança a cada dia uma candidatura (como essa do Serjão Magalhães pelo PTB) para cercar à reeleição do prefeito Luciano Rezende (PPS).
Faz parte do velho jogo do PH a estratégia de minar o campo dos seus prováveis adversários, no caso atual, o ex-governador Renato Casagrande (PSB). Aliás, na entrevista de PH neste domingo (3) em A Tribuna, ele deixa claro o seu total desapreço pelos atuais partidos políticos, para poder continuar abatendo as suas presas sem precisar pronunciar o nome dele.
Menos Rose, pois com esse seu mandato de senadora na mão, que o credencia ao primeiro andar do PMDB nacional, ela pode vir a ser a herdeira dos escombros do PMDB capixaba.