Em novembro do ano passado o Sindicato dos Metalúrgicos do Estado teve o carro de som e a sede apedrejados por trabalhadores insatisfeitos com o fechamento da convenção sem respeitar a posição da categoria. Antes disso, na eleição do sindicato, uma série de medidas foram tomadas ao longo do ano para limar do processo a oposição.
Um exemplo disso foram os representantes do sindicato na empresa Eluma, que seguraram uma greve com todo respaldo da categoria e, posteriormente, foram alijados da direção, justamente por terem sustentado a greve. Muita gente que tentou dentro do sindicato fazer mudanças na política da direção foi “convidado” a se retirar, inclusive o assessor Edenôncio Valério Brandão, que era a raiz do informativo Boca de Forno. O informativo saiu do sindicato, não se pode dizer que ele é a voz da categoria hoje.
As terceirizadas da ArcellorMital tiveram uma paralisação por falta de cumprimento do acordo. Os diretores de base também foram punidos por terem segurado essa posição. Uma punição selvagem, pois foram tirados da chapa.
A direção atual vive com mordomias, além de um pró-labore de R$ 1 mil, carro e telefone à disposição. Os diretores de base, apenas R$ 300. Está todo mundo errado, já o dirigente deve viver com o salário da empregador, senão vão transformar o sindicato em uma empresa.
A coluna chama a atenção para o fato de este ano ser de eleições gerais. No comando do País, o Partido dos Trabalhadores tenta a reeleição para o quarto mandato, ainda sem conseguir fazer todas as mudanças propostas no projeto de governo do partido. Fez muita coisa, mas ainda falta muito.
O partido criado no movimento sindical tem como base os trabalhadores. Por isso, precisa dos sindicatos cada vez mais fortes para garantir sua sustentação, mas não é isso que se vê. Sindicato forte não significa direção poderosa e sim poder de mobilização e formação política de sua base.
Enquanto tivermos dirigentes cooptados pelo capital, dirigente preso, afastados das atividades por denúncias de improbidades administravas, eleições por baixo dos panos, não poderemos falar em fortalecimento do movimento sindical. Como poderá então o movimento dar sustentação ao partido com esse comportamento?
O momento é de reflexão, de busca pelas raízes da criação do partido, de rediscussão das bandeiras de luta, adequação ao momento histórico e, principalmente, de choque de gestão. Se os dirigentes atuais manobram eleições para se perpetuarem no poder sem representar o interesse das categorias, é hora de colocar em prática um plano revolucionário.
Limpar os sindicatos é o início de uma mudança de fato na mobilização popular. As direções criaram condições de desmobilização para isso. O descrédito da categoria favorece o pelego, mas as manifestações que ganharam as ruas no ano passado mostram que ainda é possível criar uma consciência de classe e uma nova pauta política para um novo movimento sindical.
A hora é essa!