Resvalou a martelada do vice-governador tucano César Colnago em favor da definição da candidatura do seu companheiro de partido Luiz Paulo Vellozo Lucas à prefeitura de Vitória. O deputado Sérgio Majeski (PSDB) estrilou, reclamando que Colnago estava antecipando a decisão ao cravar prematuramente o nome de Luiz Paulo e impedindo que outros tucanos se apresentassem como pré-candidatos ao pleito. Houve também, até com justa razão, quem registrou a omissão de Luiz Paulo no campo da poluição causada pelo pó preto de Tubarão.
A verdade é que o Colnago, que não atira no escuro e costuma ter faro para identificar o campo vencedor, aposta em Luiz Paulo porque a vitória do colega tucano beneficiaria seu próprio futuro, Colnago tem chances de disputar o governo (o próprio PH já andou dizendo que ele poderá ser o seu candidato à sucessão). Mesmo que não seja, ele não deixará de ser “dedo” no tabuleiro da política capixaba. Explico “dedo”. Num tempo de muita efervescência política, dos anos 50 ao 70, o então deputado Vicente Silveira (UDN e depois Arena) dividia a política entre dedo e pedra: dedo são os cabeças que movimentava as pedras – demais participes da cena política.
Visto dentro desse sistema vicentino, Colnago é um privilegiado no atual jogo do poder capixaba. O que, aliás, vem fazendo desde quando entrou na política. Parceiro habitual de PH, ocupou posições estratégicas em favor da manutenção do poder do atual governador. Quando foi necessário, presidiu à Câmara de Vereadores de Vitória, Assembleia Legislativa e agora a vice-governadoria.
E é acionado sempre nas horas de perigo, como agora em que o ex-governador Renato Casagrande (PSB) semeia novos campos nas eleições municipais deste ano para se credenciar numa iminente disputa ao governo, preparando-se, inclusive, para virar um puxador de votos em Vitória em favor da reeleição do prefeito Luciano Rezende (PPS).
Esse movimento faz com que Colnago arme-se imediatamente da estratégia de apostar em Luiz Paulo como o candidato com força para conter o projeto de releição de Luciano, pelo bom capital eleitoral que o ex-prefeito ainda mantém em Vitória, sem que se descarte, porém, que um outro candidato também possa vencer, pois o que não faltará é candidato buscando esse posto que, fatalmente, iluminará as eleições em 2018. Contudo, sem que mate esse confronto que se desenha entre PH-Colnago versus Casagrande
Destaquei Vitória pela sua visibilidade, entendendo, porém, que existem outras disputas municipais de peso pelejando com a mesma intenção de armazenar forças para as eleições de 2018.
A realidade é que PH conta com a parceira do Colnago, com a sua capacidade de formulação e de condução de um partido, o PSDB, estrategicamente bem posicionado eleitoralmente. Tem lá seus problemas, tem, como o recente do senador Ricardo Ferraço, querendo embarcar no PSDB meramente para garantir sua reeleição.
Enquanto há favorecimentos em favor da dupla PH-Colnago, o ex-governador Renato Casagrande só tem em torno dele figuras para atrapalhá-lo, como continuamente o fazem o presidente estadual do seu próprio partido e o seu secretário geral, respectivamente o deputado federal Paulo Foletto e Carlos Rafael, à margem das estripulias do deputado estadual Bruno Lamas, numa jogada para que Casagrande não utilize o seu prestígio na Serra – onde foi o mais votado para o governo nas eleições passadas – em desfavor da reeleição do prefeito Audifax Barcelos (Rede).
E em matéria de destino, pois o destino sempre esteve presente em qualquer eleição, se Casagrande não cuidar do dele, pode muito bem vir a ser vítima do seu próprio destino – pois não haverá de faltar motins em sua volta.