Noel estava certo, o vestir é complicado. Bons tempos aqueles, quando Eva andava nua pelo mundo. Talvez pela congênita vaidade feminina, e não por lascívia, Eva preferiu se enfeitar com uma folha de parreira, assim lançando a moda e os bons costumes. A escolha da folha de parreira deve ter dado o mesmo trabalho de escolher um vestido na Macys – entre tantos modelos disponíveis, qual a mais adequada e mais bonita?
Opções não faltaram, como não faltam hoje. A indústria da moda fatura cerca de 3 trilhões por ano. Os homens ficam com uns 400 bilhões, e as mulheres lideram com 600 milhões. Não é muita diferença, considerando-se que os homens se gabam de não se importarem com moda. Outra ala que causa surpresa é a indústria de casamentos, que fatura 57 bilhões por ano em um tempo em que os casamentos estão fora de moda. Melhor inventarem também roupas para divórcios. Preto obrigatório?
Ao usar um vestido branco em seu casamento, em 1840, a Rainha Vitória, da Inglaterra, lançou a moda das noivas vestirem branco. Até então, os vestidos eram coloridos. Como o vestido era adornado com rendas, a rainha lançou também a renda como detalhe de bom gosto nos vestidos de noiva. O que não pegou foi que suas damas vestiram também branco. Cá entre nós, é proibido usar branco numa festa de casamento – a cor é exclusiva da noiva.
Maria Antonieta, a infeliz rainha francesa que virou bode expiatório dos desmandos reais, encomendava a seus costureiros 300 vestidos por ano. Apenas os de festas. Outra rainha incompreendida e difamada, desta vez pelos romanos, Cleópatra foi a última faraó do Egito. Bela, inteligente, elegante, seu estilo causou impacto em seu tempo e continua influenciando a moda, principalmente no Halloween. Madona, em 2012, compareceu ao Superbowl em um vestido no estilo Cleópatra, com peruca de ouro e tudo.
Outra mulher da nobreza, Lady Godiva, cavalgou um cavalo branco vestida apenas por seus longos cabelos, num protesto contra os impostos cobrados por seu próprio marido. Bianca Jagger não deixou por menos: na festa de seus 30 anos, cavalgou também um cavalo branco. Totalmente vestida, mas conduzida por um homem totalmente nu, com o corpo pintado de purpurina. Desde que se casou com o príncipe Willian, a duquesa Catherine já gastou 54 mil dólares em roupas.
E tem as que se vestem na hora errada. Aos 17 anos, Alice Roosevelt, filha do presidente Theodore Roosevelt, bebia e fumava às escondidas na Casabranca. Numa viagem diplomática ao Japão, acompanhada pela corte política da época, Alice pulou totalmente vestida numa piscina e convenceu um dos deputados participantes, Nicholas Longworth, 14 anos mais velho que ela, a acompanhá-la. Alguns anos depois eles se casaram. Alice andava com uma cobra em volta do pulso. Mas as cobras que vestiam Luz del Fuego eram melhores.
O vestido preto que Audrey Hepburn usou no filme Bonequinha de Luxo, em 1961, desenhado por Givenchy, lançou a moda dos grandes estilistas vestirem as deusas de Hollywood. O vestido hoje é parte da coleção de roupas de filmes exibida no Museu Virginia e Albert de Arte e Desenho. O vestido azul marinho que a Princesa Diana usou na visita que fez à Casabranca em 1985 – onde dançou com John Travolta – foi vendido por 510 mil dólares.
O vestido coberto de diamantes desenhado para Marilyn Monroe comparecer à festa de aniversário de John Kennedy, em 1961, foi o primeiro a custar mais de um milhão de dólares. O preço original foi de 12 mil dólares, mas foi vendido por 1.300 milhões. O vestido mais caro do mundo, encrustado com um diamante de 70 quilates e 751 cristais, custa 30 milhões de dólares. Frivolidade? Talvez não. “Roupas nunca são um frivolidade; elas sempre significam alguma coisa”, disse James Laver, curador da coleção de vestidos do museu V & A.