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Como anda seu bronzeado?

Se a metereologia garante pelo menos uma hora de tempo bom, sujeito a sol e boa visibilidade no ar, Isia corre pra pegar um bronzeado. Felizmente e não por acaso a praia mora ao lado, pois jamais ficaria ou trabalharia onde precisasse pegar ônibus, trem, bonde, carruagem ou charrete para ir ao banho de mar, como se dizia no tempo do maiô de sainha.  A parte mais complexa é driblar a vigilância  constante da Temerosa, como chama entre os íntimos a dona da butique em que trabalha.
 
Sendo a única atendente, não é fácil,  porque para sair tem que cerrar as portas. Engraçada essa expressão, cerrar as portas. Por que não dizemos também cerrar um relacionamento que está de mau a pior, ou  cerrar um jantar de negócios? Mesmo as portas, são cerradas  apenas as de estabelecimentos comerciais ou industriais, sendo aquelas sobe-e-desce as mais indicadas para serem cerradas. Talvez por causa disto, no ano passado um ladrão serrou, literalmente, a porta da butique e roubou 27 pés de sapato.
 
Talvez fosse míope, ou não entendesse de moda, ou estava com muita pressa. Por certo ignorava que apenas um pé do sapato fica em exposição na loja, justamente para evitar roubos. Os outros ficam guardados no fundo, até serem vendidos e reunidos. O que fez ele com 27 pés viúvos de sapatos não se sabe, mas a Temerosa teve uma visão e mandou pendurar os 27 pés restantes no teto, dizendo ser uma instalação artística. Saiu na televisão e com isso as vendas aumentaram 27%.
 
Já entrada em anos, a Temerosa dorme quase o dia todo. Isia cerra a porta e se manda – uma hora de praia – volta correndo, abre a porta, atende freguesas que só olham, e quando alguma compra, cerra a porta outra vez – uma hora de praia… E assim corre o dia.  Se a Temerosa acorda e dá com a porta cerrada às onze da manhã, Isia explica que foi almoçar rapidinho, rapidinho; se acorda depois das duas, Isia diz que foi comprar papel higiênico, ou clipes, ou fita adesiva.
 
Esse desejo compulsivo de se bronzear em excesso é chamado tanorexia, e afeta mais as mulheres entre 15 e 35 anos. Isia tem 28, e já perdeu muitos empregos pela mania de escapulir sem ser notada para ir pegar um sol na praia. Engraçada essa expressão, pegar um sol, pois ninguém pega o sol, nem o trem nem o avião. A mania de se  bronzear em excesso é um transtorno psiquiátrico provocado por baixa auto-estima, dificuldade de se aceitar ou desejo de imitar as pessoas que admira.
 
Alto verão, tempo de sol e praia, é saudável e recomendável um belo tom bronzeado, mas para os viciados, a coisa não se limita ao modismo da estação, e querem sempre mais porque odeiam a pele muito clara. O que não é pecado e tem quem goste. A atriz Lana Turner nunca se expunha ao sol, para preservar a pele branca como o leite, como se dizia no tempo em que se comprava  leite em garrafas. Conheço uma família indiana cujas filhas nunca tomam sol, porque na ?ndia, quanto mais clara a pele, melhores as chances de conseguir bons casamentos.
 
Engraçada essa expressão, tomar sol –  que esse, assim como não se pega, também não se bebe. A excessiva exposição ao sol dá câncer, mas quem sofre de tanorexia não se importa, Para elas, a pele bronzeada, mesmo que em excesso, é sinal de beleza e entrosamento social. Os dermatologistas revelam que o número de casos está aumentando, mas as viciadas não sabem que têm um problema. E você, como anda seu bronzeado?
    

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