Central Única dos Trabalhadores comemora 40 anos, reafirmando luta em defesa da sociedade
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) comemora seus 40 anos e finalizou os congressos estaduais preparatórios para o evento nacional, em outubro próximo. A CUT foi fundada em 28 de agosto de 1983, na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo, durante o primeiro Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat).
Na década de 1980, o Brasil passava por um período de reorganização política, com o enfraquecimento da ditadura militar e a mobilização de diversos setores da sociedade civil, manifestando-se publicamente pela redemocratização. Isso provocou muitas transformações políticas, econômicas e culturais, articuladas pelos diversos movimentos sociais e pelo surgimento do novo sindicalismo, combativo, contrapondo ao pelego existente.
Desse movimento surge a CUT, fruto das lutas dos sindicatos do campo e da cidade. Um importante e único instrumento de lutas e uma representação com a cara da classe trabalhadora brasileira, comprometida com os interesses e necessidades dos trabalhadores, o fortalecimento da democracia, a geração de emprego, a valorização do trabalho humano e a distribuição de renda, numa sociedade tão desigual carente de políticas públicas inclusivas para todos, principalmente mulheres, jovens e aposentados.
Nos seus 40 anos, os encontros estaduais foram realizados em todo o país e servem para atualizar as estratégias de lutas, eleger as novas direções para o próximo mandato e apontar os encaminhamentos. Os congressos estaduais (Cecut) são preparatórios para o 14º Congresso Nacional da CUT (Concut), que acontecerá nos dias 19 a 22 de outubro, em São Paulo.
É importante ressaltar o papel fundamental da CUT na organização e mobilização do movimento sindical combativo na defesa da classe trabalhadora, de seus direitos e interesses, que é a garantia da sobrevivência das camadas mais sofridas da população brasileira.
Na luta pela democracia, a classe trabalhadora brasileira viveu um dos piores períodos de sua história depois do golpe, com participação do vice-presidente Michel Temer (MDB), em 2016, que impediu a primeira mulher presidenta de exercer todo o seu mandato, o que nos levou a um período de ataques, retirando direitos e desmontando as estruturas de proteção ao trabalhador, com a “deforma” trabalhista, que autoriza a negociação individual entre o trabalhador e seu patrão; a quase extinção do Ministério do Trabalho, para não fiscalizar a exploração; e a redução do financiamento do movimento sindical. Tudo isso para enfraquecer as lutas pela redemocratização e a participação da representação dos trabalhadores nos espaços de decisões políticas, onde o movimento sindical cumpre um papel fundamental.
Mas a resistência de quem luta por uma vida digna foi mais forte e a luta e a defesa da classe trabalhadora continuaram, mesmo com todas as dificuldades impostas, como a pandemia da Covid. A classe trabalhadora continuou lutando e avançando, porque nossa história nos ensinou que, mesmo na adversidade, a luta tem que continuar.
Agora, neste novo contexto, temos tarefas importantes para cumprir no próximo mandato do movimento sindical combativo. A principal delas é consolidar a nossa frágil democracia, para superarmos o conservadorismo que se fortaleceu nos últimos anos, e nesse caminho, é importante que a classe trabalhadora, a maioria da sociedade, participe das eleições municipais e contribua para a eleição de vereadores e prefeitos comprometidos com a nossa causa.
Assim, será possível valorizar o trabalho humano, gerar trabalho, emprego e renda, e contribuir na construção de uma sociedade mais igual e justa, com políticas públicas para todos, sem discriminação e preconceitos, seja de etnia, gênero, geração ou condição social e econômica.
A CUT foi fundada com a missão de fortalecer o movimento sindical combativo e agora, ao completar seus 40 anos de existência, precisa superar o modelo sindical existente e propor um novo modelo, debatido com sua base, que represente a nova dinâmica do mundo do trabalho, em constante transformação, seja pela implantação das novas tecnologias ou pelas novas formas de organização do mundo do trabalho atual.
O objetivo deve ser o de atender em suas pautas de lutas toda a classe trabalhadora, empregados, desempregados, ativos e inativos, microempreendedores, agricultores familiares, todos que vivem de seu trabalho e precisam de proteção na busca de uma qualidade de vida, com saúde, educação, segurança e dentro de um desenvolvimento sustentável, que respeite todas as formas de vida e o nosso planeta.
Só o trabalho humano produz riqueza, e quem produz a riqueza da nossa sociedade merece respeito, reconhecimento, dignidade, com trabalho, salário justo e condições dignas de vida, com participação e inclusão nas decisões que dizem respeito a si, aos seus interesses e dos que ama.
O trabalho ainda é a questão central de nossa sociedade, também a sua estrutura e organização precisam ser tratadas com seriedade e respeito.
Parabéns à Central Única dos Trabalhadores pelos seus 40 anos de lutas e por sua importância estratégica na representação da maioria da sociedade, aqueles que ganham a vida pelo seu trabalho.