Os bancários voltam da greve com uma conquista de 9,5 %. Um número excelente se considerado os 6% de inflação acumulada no ano. Mas a greve nos traz uma reflexão muito mais profunda sobre o tipo de conquistas que os sindicatos estão trabalhando para garantir. Há a conquista econômica e a conquista social.
O que vimos nesta movimentação foi um trabalho voltado apenas para a conquista financeira. Os trabalhadores cruzaram os braços, os serviços foram paralisados e os sindicalistas foram para a mesa de negociação com os empresários. Conquistado o índice, voltam ao trabalho alguns com horas a pagar ou que vão deixar isso para lá e a sociedade mais uma vez vai ficar com os juros das contas atrasadas e do transtorno causado pelas agências fechadas.
Mas e as condições de trabalho dos bancários? O atendimento à população? As longas filas nos caixas? Da mistura de atendimentos nos bancos públicos dos serviços de correntistas e dos programas sociais? Nada disso foi discutido.
Aí é que se diferencia a pauta social, que também é função do sindicato. Essa pauta não se discute na época da data base, ela deve ser contínua, ser trabalhada não só com a categoria, mas com a sociedade como um todo, durante todo o ano.
Encerrar o debate com a conquista do reajuste é aderir ao jogo capitalista. Não ganha a sociedade ganha o patrão. Isso não é o papel do sindicato, ainda mais quando se trata de um sindicato forte como o Sindicato dos Bancários.
No próximo ano, como já esperado, a história vai se repetir. A coluna espera que até haja uma reflexão e que os dirigentes do Sindicato dos Bancários e de outras entidades sindicais, de outras categorias, transformem o movimento em um movimento cidadão.
Chega de alimentar o capital!