É digno de registro o desabafo do deputado Sérgio Majeski (PSDB) na sessão da última quarta-feira (9) da Assembleia. O parlamentar, mais uma vez, foi a voz dissonante com coragem para cutucar o dedo fundo na ferida que a maioria dos deputados carrega: a subserviência incondicional ao Palácio Anchieta.
O sempre independente deputado chegou ao seu limite quando percebeu mais uma manobra governista sendo desenhava para aprovar, a toque de caixa, mais um lote de projetos oriundos do Executivo. Majeski lembrou que há praticamente quatro meses a Assembleia legisla exclusivamente para o governo, cumprindo o papel de mero braço auxiliar do Executivo estadual.
O tucano se queixou que durante o período eleitoral o parlamento já não andou, e quando retomou suas atividades voltou a atender exclusivamente os interesses do governador Paulo Hartung (PMDB). Majeski afirmou que a Casa funciona como “copa e cozinha” do Palácio Anchieta. A comparação é perfeita. Não há exagero algum na fala do deputado.
Essa subserviência cega ficou ainda mais clara quando Majeski desafiou os colegas governistas a explicar o projeto do Executivo que põe um ponto final no BRT para transferir recursos para para outras finalidades do governo. O deputado do PSDB deixou claro que os deputados estavam votando com o governo sem ter qualquer conhecimento sobre o teor do projeto.
Ao exigir explicações dos governistas sobre o projeto, Majeski confirmou publicamente sua tese de que o deputados aprovam as propostas do governo de olhos fechados, apesar de desconhecê-las.
O deputado Edson Magalhães (PSD) bem que tentou socorrer o governo, mas só evidenciou a subserviência do Legislativo ao Executivo. Ante os questionamentos inapeláveis de Majeski, Edson Magalhães parecia um aluno que não estudou o ponto e tenta desesperadamente enrolar o professor. Dono de uma dialética sofrível, o deputado do PSD enrolou, enrolou e nada explicou. Só repetia que o projeto previa “melhorias contínuas” em mobilidade. Mas não soube explicar o que significava as tais “melhorias contínuas”, tampouco o valor que seria transferido do já sepultado BRT para o subjetivo projeto.
Também pudera, Magalhães, como bom vassalo do Palácio, não imaginava que seria sabatinado por um colega determinado a exercer seu trabalho de deputado, ou seja, fiscalizar o Executivo.
Pregar praticamente sozinho no deserto é uma tarefa árdua. Às vezes, num primeiro momento, a sensação deve ser de impotência. Pois, como lembrou Majeski, todos os projetos do Executivo que bateram na Assembleia, rigorosamente todos, foram aprovados pela atual legislatura, independentemente de serem ou não de interesse da população.
Apesar dos seguidos reveses, o papel de Sérgio Majeski tem sido imprescindível. É graças a esse posicionamento independente, coerente e didático, que o eleitor vai entendendo, pouco a pouco, como funciona o jogo de interesse na Assembleia. Talvez daqui a algumas eleições, o eleitor possa identificar os deputados realmente comprometidos com os interesses da sociedade e os que estão ali exclusivamente para servir ao Palácio Anchieta.
Assista abaixo os vídeos da Assembleia que registram a fala do deputado Sérgio Majeski