Nesta segunda-feira (19), os deputados estaduais votam o Orçamento do Estado, com o corte de R$ 1 bilhão. Nas entrevistas dos membros da equipe de Hartung, fala-se em rombo na saúde, em cortes na educação e em outras áreas sociais. Mas ninguém sabe, até agora, onde e de quanto serão esses cortes. Hartung parece ter uma tesoura cega nas mãos.
Na quarta-feira (12), o governador se reuniu a portas fechadas com os deputados estaduais para explicar os cortes. Mas explicou o quê, se não se sabe em quais áreas a tesoura vai passar? E o que chama a atenção é que os deputados saíram de lá convencidos.
Como hoje os deputados não têm lado, ou seja, não estão nem contra Hartung, nem contra Renato Casagrande, ninguém vai querer na Assembleia criar confusão por causa do Orçamento. Até porque as emendas não sofreram um corte muito grande e, de qualquer maneira, se os deputados estabelecerem uma boa interlocução podem conseguir o atendimento integral da emenda, dependendo do interesse do governo.
Essa movimentação mostra o viés político desta ação. A crise no Espírito Santo não é diferente da crise em outros estados, mas o governador tem conseguido aproveitar a situação para criar um cenário de caos para o Estado, como arma política para desgastar seu principal adversário político, o ex-governador Renato Casagrande.
A disputa eleitoral que não acabou com a eleição, segue 2015 adentro. Mesmo que a classe política tenha superado essa fase, o governador não parece disposto a esquecer. Sem um Orçamento o Estado não pode ficar, então, a Assembleia embarca na onda, até porque seria delicado comprar briga com o governador já no início do governo por causa de dinheiro.
Mas a legislatura termina mal. Vai aprovar sem ver um projeto baseado em uma crise que não se materializa nos balancetes do Orçamento. Está dando pano pra manga.
Fragmentos:
1 – A notícia de que o secretário-chefe da Casa Civil Paulo Roberto (PMDB) não vai comparecer à sessão que votará o Orçamento do Estado para 2015 na Assembleia nesta segunda-feira (19) é um indicativo de que está tudo certo por lá.
2 – É que o fato de Paulo Roberto não ter renunciado ao mandato e sim se licenciado causou curiosidade nos meios políticos. A impressão era de que se o acordo estivesse difícil para o lado do governo, o peemedebista poderia voltar à Casa para arrumar a votação.
3 – O presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço (DEM), foi na onda do se “colar, colou.” Disse que era o candidato de Hartung, mas pelo jeito, não colou.