Em sua prestação de contas, que durou cinco cansativas horas, nessa quarta-feira (3), na Câmara de Vitória, o prefeito Luciano Rezende (PPS) não fez questão alguma de esconder sua estratégia para o ano eleitoral. Com ele vai ser dentro da lógica do “bateu, levou”. Luciano pôs na cabeça que fez a melhor gestão de todos os tempos à frente da prefeitura e não vai permitir que alguém diga o contrário.
Essa parece ser uma estratégia bem equivocada e perigosa, em vários aspectos. Diante da Câmara de Vereadores, que ficou mais no reme-reme das demandas de bairros e alguns apontamentos mais incisivos sobre gastos é uma coisa, outra coisa será enfrentar estratégias bem mais elaboradas para um pleito eleitoral de interesse das principais lideranças estaduais.
Os vereadores confrontaram Luciano, mas não fizeram acusações. Ainda assim, o prefeito, em vez de desviar das crises, contribuiu para elevar o clima na Câmara e em algumas vezes, demonstrou um desnecessário descontrole. Os adversários mais experientes já puderam observar como tirar Luciano do prumo em um debate.
Além disso, a postura do prefeito pode contaminar a militância e em um momento em que a população ainda está com ânimos alterados desde a eleição presidencial de 2014. Na rua a coisa pode ficar complicada de se controlar.
O discurso também não convence. Tentar passar a ideia de excelência cabe para o governo ou para presidente. No caso de prefeito, não adianta muito, porque as pessoas moram na cidade e as demandas não vão acabar nunca e os vereadores, que são os agentes mais próximos dos moradores, é que ouvem essas demandas.
Uma coisa que ficou evidente foi a constatação do prefeito de que não terá mais como se reconciliar com o governador Paulo Hartung (PMDB). Deixa transparecer isso ao dizer que “fazer política sem pedir permissão no Espírito Santo é quase um crime hediondo”. Mas, por outro lado, não houve qualquer menção ao seu aliado, o ex-governador Renato Casagrande (PSB). Como equilibrar essa equação é que são elas.
Fragmentos:
1 – O vice-presidente Michel Temer vem ao Estado no próximo dia 15 para se reunir com os quadros do PMDB capixaba. Mas, desta vez, a reunião será aberta.
2 – O fechamento de escolas e turnos é um atentado à Constituição Federal, à Constituição Estadual, à LDB e ao Estatuto da Criança e do Adolescente, lembra o deputado Sérgio Majeski (PSDB).
3 – O prefeito de Vitória esticou a corda com o governador Paulo Hartung. Mas será que fazer isso durante o período de licença do peemedebista terá algum efeito?