O avanço na crise econômica influencia também para o aumento da violência, estando diretamente relacionado ao aumento da desigualdade social.
Estamos acompanhando um retrocesso social, onde aproximadamente, três milhões de famílias, que ascenderam recentemente na pirâmide social, da classe D/E para a classe C, com a crise, começam a fazer o movimento inverso retornando à base da pirâmide.
Nesses tempos, quantas histórias são contadas e vividas diariamente, cercadas pela redução na renda, no poder de compra, pela perda do emprego, atrasos no pagamento das contas essenciais, incluindo a impossibilidade de pagá-las, e outras tantas histórias que, automaticamente, levam a pergunta: onde isso pode e tende a chegar? Por agora, às dificuldades, podendo gerar também privações.
E dentro de casa, nas histórias da vida real, há um aumento do stress provocado pelas dificuldades financeiras e pela falta de perspectiva de melhora a curto prazo, e daí há uma tendência ao aumento nos conflitos entre os casais e, consequentemente, nas famílias.
A tensão persistente é motivada pela preocupação quanto aos desdobramentos: se não há receita suficiente para pagar o aluguel ou a prestação do imóvel financiado, mais dia menos dia, a saída da casa será inevitável.
Quanto mais prolongada for à crise econômica, maiores serão os seus desdobramentos, o que influencia para o aumento da população de rua, dos consumidores de drogas – lícitas e ilícitas, da violência, incluindo a doméstica.
A falta de perspectiva das atuais crianças e adolescentes das classes sociais da base da pirâmide e, consequentemente, mais “castigadas” pelas crises, favorece a adoção de comportamentos e práticas distorcidas, na busca por oportunidades para ganharem dinheiro. As estatísticas sobre menores no mundo do crime: nas drogas, na prostituição, nos furtos, em brigas e em outras práticas, tendem a aumentar, causando cada vez mais famílias desestruturadas e outras tantas desajustadas.
O stress financeiro provoca o adoecimento e, em tempo de crise, como os planos de saúde também estão sendo cortados nos orçamentos familiares, há uma dependência ainda maior dos serviços de saúde pública, que não têm dado conta de sua demanda há décadas, impossibilitando o acesso necessário.
Na sociedade a temperatura já aumentou, encontramos no trânsito mais discussões, assim como também nas ruas, porque o stress parece estar no ar.
É preciso romper com o círculo vicioso que permeia a crise econômica para não entrarmos em colapso.
Ivana Medeiros Zon, Assistente Social, especialista em Saúde da Família e em Saúde Pública,Educadora Financeira, membro da ABEF – Associação Brasileira de Educação Financeira, palestrante, consultora, colunista do Portal EduFin www.edufin.com.br
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