O início do terceiro mandato de Paulo Hartung (PMDB) não aponta para um cenário diferente do que foram seus oito anos anteriores. O controle da classe política está acontecendo de uma forma tão rápida e tão natural que só ressalta a genialidade política de Hartung.
O governador que saiu da eleição sem o pedestal que o manteve nos mandatos passados, está conseguindo, mesmo não sendo mais uma unanimidade, controlar a classe política, que não tem oferecido resistência a esse assédio. Grande exemplo disso é a Assembleia Legislativa, que aprovou os cortes no orçamento sem qualquer tipo de problema.
A mesma Assembleia agora vai aceitar goela abaixo um presidente que não queria mais, tudo porque escolheu a estratégia errada, enquanto isso Hartung deixava a coisa correr solta até o momento em que entendeu que era a hora de puxar a corda e isso aconteceu sem que ninguém gritasse.
A coisa está saindo melhor do que Hartung poderia imaginar. Sem ter o fantasma do crime organizado, construído em 2003, sem ter os recursos jorrando do governo federal, ele está conseguindo estabelecer aquele domínio do início da década passada.
Os deputados estaduais e as lideranças políticas não aceitam a possibilidade de haver oposição no Estado nem no âmbito da Assembleia, nem fora dela. Uma ideia muito deturpada do que é “harmonia” entre os poderes. Os deputados estaduais confundem e pelo jeito vão continuar confundindo harmonia com submissão e não dá para esperar muito da Assembleia.
Fora do ambiente legislativo, é possível ver também a convergência das lideranças em uma adesão quase uníssona ao projeto de Hartung. A atitude mais simbólica continua sendo a aliança de Hartung com o senador Magno Malta (PR). Assim, Hartung vai construindo uma teia de apoios que garantirá sua governabilidade.
E o interessante é que ele criou essa nova construção justamente para blindar seu governo que começou em crise. Com a necessidade de criar um caos para tornar seu nome necessário novamente, evitando criar gastos e atender demandas sociais.
Neste sentido, o foco se volta para o ex-governador Renato Casagrande, que terá de refletir sobre sua estratégia de oposição e garimpar quem queira enfrentar um novo império que começa a surgir.