Segunda, 29 Abril 2024

Dilma, guerrilheira

 

Particularmente, ficaria bem decepcionado se a solução fosse outra. Dilma ficaria no colo do oportunismo político. Pelo contrário, agiu com autonomia e independência republicana e visão de estadista ao garantir os direitos adquiridos pelos Estados produtores de petróleo.
 
Divisão de riqueza é assim mesmo. Causa disputas. Vejam os exemplos das famílias onde os pais trabalham para construir o patrimônio familiar e, depois que morrem, os filhos colocam tudo a perder!
 
Caráter forjado na luta é caráter forte. Mutilamos o caráter de nossos filhos quando preferimos facilitar-lhes a vida em vez de permitir-lhes acesso a instrumentos que lhes permitam encontrar os meios de conquistarem o que desejam no fundo da alma.
 
Não fui dos que engrossaram a voz da turba a acusar Dilma de pretender retaliar o Espírito Santo por causa da expressiva votação de Marina nas eleições presidenciais. Entendia que isso era simplificar demais a questão. Minha alma se inquietava enquanto ouvia esses argumentos e o Planalto era silente sobre decidir pela continuidade do crescimento econômico do outrora patinho feio, que se tornou o cisne branco a deslizar pela face do lago azul da República do Brasil.
 
Não cria e não creio na retaliação de Dilma. Para usar o filósofo Voltaire, “quem se vinga depois da vitória é indigno de vencer”. Até mesmo a adoção do “carimbo” dos futuros recursos voltados todos para a educação me agrada, porque estaremos legando, às futuras gerações, os instrumentos para que a Nação se fortaleça pelo conhecimento, como aconteceu com os coreanos. Alguns dirão que nos falta a cultura milenar dos coreanos e eu vou concordar, mas replico que, se alguém não começar a mudança, a sociedade não vai mudar nunca.
 
Os órfãos da dura Dona Dita vivem a querer comparar “companheiros” incomparáveis. Nenhum ser humano é comparável ao outro. Somos todos universos próprios forjados pelas nossas próprias histórias. Não é pelos descaminhos de um filho que toda a família será condenada. Como diz o profeta, não é porque os pais comeram uvas verdes que os dentes dos filhos ficarão embotados. Cada um de nós constrói a própria história, cada um possui o dom de ser capaz de ser feliz, já cantou Renato Teixeira.
 
Talvez, justamente, porque chegou aonde chegou pela arma da crítica depois de um dia ter sido, pelas circunstâncias, levada à utilização da crítica das armas (para usar a linha de raciocínio do professor Juarez Guimarães, da Universidade Federal do Estado onde ela nasceu) é que a “companheira” é muito mais sensata e centrada, muito mais preparada e capaz de enfrentar as hienas com espírito de estadista do que o “companheiro”.
 
Agora, juízo, gente!
 


José Caldas da Costa é jornalista, escritor, licenciado em Geografia. Escreve neste espaço como colaborador nos finais de semana. Contatos:

Veja mais notícias sobre Colunas.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Segunda, 29 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/