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Diversidade religiosa I

Estamos aprimorando a democracia, a cada dia, a cada eleição. Isso passa pela inclusão social. Somos um coletivo plural, uma incomparável diversidade que atravessa etnias, orientações sexuais, conceitos e preferências, chegando à diversidade religiosa. O preconceito é um entrave à inclusão, agride a democracia e promove a segregação e o crime.
 
A laicidade do Estado é uma das principais forças na construção de uma sociedade equânime e justa, onde a individualidade de credos, ou mesmo a descrença, é respeitada e tratada com a mesma relevância e independência. Ser respeitado é ser cidadão, ser reconhecido como tal.
 
Recentemente aconteceu na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) uma audiência publica com o tema “Diversidade Religiosa: Por um estado laico” – é preciso entender que, teoricamente, o Brasil é um estado laico – artigo 19, I “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.” Como falei, teoricamente, já que mesmo com o nosso tradicional sincretismo religioso, está ficando cada vez mais evidente o desrespeito a essa “diversidade”.
 
Numa rara e verdadeira manifestação democrática, a audiência contou com um debate de alto nível e de grande representatividade. Sob a presidência do deputado Cláudio Vereza, muito se esclareceu sobre o tema da laicidade e a necessidade de se coibir qualquer ingerência religiosa em questões governamentais, ficando claro que a condição de laico, não representa um estado contra religiões, mas sim a favor de todas, e até mesmo a ausência de qualquer tipo de credo.
 
Por fim, num momento de extrema lucidez, foi percebido que a presença na Assembleia de qualquer símbolo que represente um conceito religioso agride toda a neutralidade prevista na Constituição, portanto, vai contra a própria função de uma Casa Legislativa que deve ser equânime e imparcial.
 
Claudio Vereza, percebendo essa incoerência, propôs a retirada de tais símbolos. “O fato, como era de se esperar, causou polêmica, mas sem a necessária sobriedade que o caro lhe exige, e demonstrando total despreparo para a vida pública, o “coronel” Teodorico Ferraço (DEM), presidente da Casa, numa cômica caricatura do personagem criado pelo dramaturgo Dias Gomes, o impagável “Odorico Paraguaçu”; como se estivesse no curral de sua fazenda chamada Cachoeiro de Itapemirim, se sentindo mandatário máximo do Legislativo capixaba, e inclusive alegando questões pessoais, sequer levou o tema a debate, demonstrando mais uma vez que nada entende de democracia.
 
É! temos uma eleição pela frente e é pra frente que se anda. Aguardem as cenas dos próximos capítulos.
 

Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas “horas vagas” (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil” pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: [email protected]

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