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Duas políticas

A impressão que se tem do atual momento é que há duas interpretações sobre democracia no Brasil. Os poderes constituídos insistem em um discurso de que são democráticos e que o direito de manifestar deve ser mantido, mas sem “baderna”. O governo se diz aberto ao diálogo desde que os líderes dos movimentos o procurem. Enquanto isso tentam equivocadamente reduzir o debate à questão da tarifa do transportes – agora já são 11 as capitais que reduziram as tarifas.
 
As medidas não vão amenizar o clima de insatisfação e revolta da população. A classe política definitivamente está em descompasso com o processo que se agiganta no País. O Espírito Santo vem mostrando despreparo para conviver com a nova realidade já faz tempo. 
 
No governo Paulo Hartung houve o confronto da polícia com os estudantes até às portas da universidade. Também sobrou bala de borracha para os índios que lutavam por suas terras, Aracruz. No governo Casagrande, duas desastrosas operações contra mobilizações populares, mostraram que o governo socialista também não tinha preparo para entender o movimento político que se dá a partir das ruas.
 
Naqueles movimentos, porém, havia uma liderança para qual o governo poderia apontar sua artilharia. Agora com um movimento sem bandeiras ideológicas ou partidárias, ficará difícil para o poder público sentar à mesa. E é justamente aí que está o nó dessa nova configuração: não há mesa. 
 
A política de gabinete, de coalizão, de privilégios para o setor privado, a costura de programas de governo, desenhadas e norteadas pelo setor econômico, o desenvolvimentismo a qualquer preço com promessa de emprego e desenvolvimento social que nunca chegam, não convencem mais. O modelo democrático institucional não contempla mais a população, que cansou de esperar sua fatia do bolo.
 
É verdade que movimentos do tamanho que está acontecendo agora tendem a não perdurarem por muito tempo. Mas uma vez experimentado o calor da rua, ele pode ser acionado novamente a qualquer momento. E se a preocupação da classe política é com o reflexo nas urnas em 2014 é melhor abrir o olho. Pela disposição de parte do movimento, corre o risco de não haver sequer urna em 2014.
 
Fragmentos:
 
1 – A aprovação da PEC do Passe Livre na Assembleia Legislativa vem sendo colocada na cota da pressão popular por conta dos movimentos populares que vem se espalhando pelo País. Mas não é bem assim.

 

2 – Pode até ser que a aceleração da votação do segundo turno da PEC possa ter sido influenciada pelo movimento, mas a proposta já foi bem conversada e liberada pelo governo do Estado.

3 – Não há como dizer que a política institucional já sente os efeitos dessa pressão das ruas. A classe política continua com jogo de empurra e ninguém veste a carapuça.

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