O prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), tem um projeto político em curso e do jeito que vai pode mesmo se viabilizar para uma disputa eleitoral ao governo do Estado. O prefeito, porém, não é o agente político mais simpático do mundo, principalmente quando questionado ou confrontado. Ainda vive em um mundo imaginário em que Vitória é a cidade perfeita.
O governador Paulo Hartung (PMDB) também criou um mundo à parte, em que o Espírito Santo é um oásis em que a crise econômica tem sido contornada com uma política de austeridade, graças à equipe de craques e o comando firme do governador. As retóricas de ambos os atores políticos é a de fechar os olhos para qualquer defeito que possa haver em suas gestões. De tanto repetir sobre a “perfeição” de seus mundinhos, talvez convençam a população.
Mas no que se refere ao movimento político, o prefeito surpreendeu o mercado ao colocar em xeque os planos do governador Paulo Hartung em relação à venda da Cesan. O problema é que hoje Hartung já não é mais aquele grande mentor da classe política, que ninguém ousaria questionar. Embora, ele, em seu mundo imaginário da unanimidade, ainda acredite que basta apenas acenar para que toda a classe política se curve à sua vontade.
O embate entre esses dois não acontece. Luciano Rezende e Paulo Hartung se evitam, se respeitam. Daí chama atenção a atuação de outro importante ator nesse processo: o secretário de Gestão Estratégica de Vitória, Fabrício Gandini (PPS). Observe o leitor que foi para ele que o governador ligou e não para o prefeito. Gandini recebeu a ligação malcriada, e se dispôs a conversar com o governador, desde que o ponto de vista da prefeitura prevaleça no final da prosa.
Hartung nunca foi um político de brigar para baixo, ele mesmo gosta de dizer isso. Luciano Rezende… bom, o prefeito faz isso o tempo todo. Quem tem dúvida é só assistir às últimas prestações de contas do gestor para ver como ele perde o controle ao ser confrontado por um vereador. Mas desta vez, Hartung teve que ligar para o secretário municipal, que em última análise é um vereador licenciado, para discutir um assunto que não tem como tratar com Luciano, até porque não há clima nem para telefonemas entre eles.
O fato é que a os problemas de articulação política de Luciano Rezende são supridos por seu secretário, que mostrou pulso firme para falar com uma liderança do peso do governador. Isso sem se dobrar, sem perder o controle e defendendo o interesse do projeto político do prefeito de Vitória, que também é seu.
1 – O governo do Estado enviou à Assembleia na última terça-feira (28) uma proposta para redefinir a divisão administrativa do Estado, atendendo o pleito dos municípios de Atílio Vivácqua, Cachoeiro de Itapemirim e Presidente Kennedy, no sul do Espírito Santo.
2 – O vereador Roberto Martins (PTB) foi o único a tirar da zona de conforto o prefeito Luciano Rezende (PPS) na prestação de contas nessa quinta-feira (30). O prefeito respondeu de forma atravessada, não recebeu na réplica uma resposta equilibrada, o que fez com que baixasse a bola na tréplica.
3 – Os cortes do orçamento federal não afetarão as obras do aeroporto de Vitória, para alívio do governo do Estado e da bancada capixaba, que vem capitalizando, com a retomada das obras.