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Eleitor com os dois pés atrás

Os políticos que conheceram os dados de uma pesquisa inédita feita pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP-FGV) e publicado em O Globo desta segunda-feira (9) devem ter ficado pasmados. Não é para menos. O levantamento espelha a imagem da classe político perante a sociedade. E a imagem é feia de se ver.
 
A pesquisa da DAPP-FGV revela dados impressionantes; 55% dos 1.568 entrevistados disseram que não pretendem repetir seus votos nos mesmos candidatos a presidente que votaram em eleições passadas. Esse percentual é de 53% para governador; 52% para senador e 51% para deputado federal. Ou seja, mais da metade dos eleitores não os querem de volta. 
 
O levantamento aponta um consenso entre os entrevistados quando o assunto é “desconfiança da população no sistema política”. Mais de 82% não confiam no presidente Temer; apenas 5% confiam no chefe do executivo federal. 
 
A confiança da população nos partidos também vai de mal a pior: mais de 78% não confiam nas agremiações partidárias; tampouco nos políticos eleitos, que também estão na casa dos 78%. Mesmo antes de conhecer o estudo, a percepção dos políticos apontava que a imagem da classe está na lama. Não por acaso, os partidos políticos se apressam para mudar os nomes das agremiações. Como se as novas identidades, que tentam se livrar da palavra “partido” bastassem para “limpar” a ficha dos partidos. 
 
Outro fenômeno em tempos de crise de imagem do político é o surgimento dos chamados “outsiders”. São os que acreditam que podem se manter descolados da imagem do político tradicional. Eles querem se manter imunizados dos males do político do século 21: corrupção, desonestidade e falta de confiabilidade. 
 
Faz sentido. A pesquisa da DAPP-FGV aponta que cerca de 30% querem votar num candidato novo, fora da política tradicional nas próximas eleições. Na região Sul do País, esse número rompe a casa dos 40%. 
 
Mas, ao mesmo tempo em que criam expectativa no “novo”, os eleitores demonstram pessimismo em relação ao surgimento de “um líder honesto e comprometido com o povo”. Cerca de 63% dos entrevistados acham que a política brasileira impede o surgimento de um líder com esse perfil. Apenas 9% discordam totalmente dessa afirmação. 
 
Em tempo de Lava jato, delações premiadas e prisões quase que diárias, o estudo aponta que 63% dos entrevistados acreditam que a corrupção deve ser um dos temas centrais da disputa de 2018. Para os pesquisadores, o candidato que não tiver a ficha limpa corre o risco de sequer ser ouvido. 
 
Apesar da pequena reação da economia brasileira, a pesquisa mostra um grande pessimismo da sociedade; 64% acreditam que o ápice da crise ainda estar por vir. Ao mesmo tempo, 83% depositam esperanças no futuro, apostando que a situação econômica estará melhor daqui a quatro ou cinco anos. 
 
O governador Paulo Hartung (PMDB) tem repetido em suas entrevistas que teme o surgimento de “aventureiros”, os quais ele chama de “vendedores de terrenos na Lua”. O pesquisadores, porém, para o alívio do governador, estão convictos de que as eleições de 2018 não serão favoráveis a candidatos com perfis mais radicais. Mesmo diante do anseio de construir candidaturas de lideranças consideradas “fora da política”.

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