Já de cara a cara com 2014, é hora de refletir sobre o que vem por aí. Um ano de eleições, quando mais uma vez nossos destinos podem estar nas mãos mal intencionadas de políticos, que usam o mandato em prol de seus próprios interesses, esquecendo o verdadeiro motivo de sua eleição – o bem social como um todo.
A verdadeira essência da democracia, no chavão – poder que emana do povo e para o povo retorna – está sendo trocado por conceitos espúrios de uma maioria, conduzida à base de viseira, oprimindo uma minoria que luta pelo reconhecimento de seus direitos civis e sociais.
Estamos falando do preconceito e da estigmatização, promotores da violência e apoiados por um grupo de falsos religiosos fanáticos, que planejam quebrar a já frágil laicidade constitucional, para implantar uma teocracia, que tenta impor dogmas fundamentalistas, recriando assim o pior período da história da humanidade, a chamada “Inquisição religiosa”.
Muito cuidado com seu voto, não se deixe levar como uma ovelha, que segue um rebanho, conduzido por um pastor espertalhão que só quer se manter no poder, falseando a religião, iludindo verdadeiros crentes, e se alimentando de dizimo através de falcatruas e estelionato político.
Estamos sempre alertando esse logro eleitoral, pois já deu pra perceber o que esses falsos representantes do povo podem contribuir para o fracasso do governo, na condução de políticas inclusivas e promotoras dos direitos humanos. O pior roubo não é o financeiro, mas sim o roubo dos seus direitos fundamentais, da sua oportunidade e dignidade humana, a quebra da isonomia social que gera privilégios descabidos – como isenção de impostos – e agride fatias menores as empurrando para o abismo da marginalidade social.
Pense bem. Você que é heterossexual, no que interfere na sua vida o casamento igualitário? Nada, absolutamente nada. Por que você pode ter esse direito social e um casal homo afetivo não? Se somos cidadãos e iguais perante a lei. Perceba quão sem fundamento são esses falsos preceitos religiosos, que trazem o ranço de um passado onde honra se lavava com sangue, adulteras eram apedrejadas, filhas eram vendidas como escravas, onde negros não tinha alma e estrangeiros eram desrespeitados, humilhados e vulneráveis a barbárie. Numa época em que a religião se misturava com política, esses absurdos eram leis e todos temiam a ira de um deus violento e cruel.
Hoje, é isso que eles querem trazer de volta, só falam de Jesus para encobrir seus verdadeiros instintos dominadores, esquecendo a máxima – A Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus – ou seja, o estado deve estar separado da religião, para promover o bem social como um todo. Na passagem dos vendilhões do templo, Jesus condenou o comércio nas igrejas, o enriquecimento ilícito à custa da fé, a venda de bênçãos e promessas de tesouros no céu, exatamente o que esses pastores estão fazendo agora. Cuidado com esses falsos profetas, políticos demagogos, que nessa eleição querem seu voto para em nome de Jesus, promover Satanás.
Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas “horas vagas” (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil” pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: [email protected]
