Sábado, 20 Abril 2024

Embates Eleitorais na GV

 

As disputas de segundo turno em Vitória, Vila Velha e Cariacica reconfirmam todas elas o esgotamento da chamada política de geopolítica no Espírito Santo, significando a diminuição do poder dos "caciques" nas eleições municipais e a ascensão de novas lideranças no xadrez político regional. Perdendo ou ganhando, Luciano Rezende (PPS), Rodney Miranda (DEM) e Juninho (PPS) mudam de patamar e estatura, com novo cacife político.
 
Mas, por enquanto, o que interessa é olhar de perto para os embates acirrados (e difíceis de prever resultados) que se darão nas três cidades, Vitória, Vila Velha e Cariacica, cada qual com as sua peculiaridades políticas e eleitorais e com seus respectivos perfis dos seus eleitorados.
 
Em Vitória, Luciano Rezende entra para o segundo turno como favorito, mas terá o desafio de enfrentar um adversário experiente e preparado e, também, o desafio de convencer a cidade de que pode ser o líder da cidade e de que terá capacidade e equipe para governar em ambiente de queda da receita do governo local. E Luiz Paulo Vellozo Lucas, por sua vez, terá o desafio de superar o ambiente político de "fadiga de material" em Vitória, depois de 24 anos de rodízio entre o seu PSDB e o PT no comando do governo local. Esta fadiga explica, exatamente, pelo menos em parte, por que o mote da "mudança" da Campanha de Luciano Rezende no primeiro turno acabou mobilizando a maior parte do eleitorado e dando a ele o primeiro lugar na disputa.
 
Luiz Paulo terá que calçar a sandália da humildade. Oito anos depois de ter deixado a prefeitura, o que ele agora vai fazer de diferente e inovador para atender as novas demandas e aspirações dos moradores e eleitores de Vitória? Mais do mesmo? Luciano terá que mostrar exatamente que mudança será esta que ele propõe. Pará além do jingle que "pegou" o que ele exatamente vai fazer com os novos problemas da cidade?
 
Em Vitória, o chamado índice de alienação dos eleitores foi muito alto no primeiro turno. Foram 19,34% de abstenções, 4,85% de votos nulos e 3,65% de votos em branco, totalizando 27,84%. Um índice maior do que a média nacional. Significa que quase um terço do eleitorado ou não compareceu ou não optou por nenhum dos candidatos. São estes eleitores desinteressados e "ausentes" que Luciano e Luiz Paulo precisam atingir para ganhar as eleições. Além, obviamente, dos eleitores petistas que cravaram seus votos em Iriny no primeiro turno.
 
Em Vila Velha, Rodney Miranda entra para o segundo turno em franca ascensão e como favorito. Cresceu de forma consistente durante todo o primeiro turno e virou o jogo bem nos últimos dias com uma Campanha de muitos recursos e com foco na orla e nas classes médias e nos jovens. O seu desafio será, agora, mostrar capacidade de fazer melhor do que Neucimar e de passar confiança de que terá diálogo com o governo estadual e com o governo federal para atrair recursos para o município. Mostrar-se por inteiro, no cara a cara com Neucimar, sem a "muleta" político-eleitoral do ex-governador Paulo Hartung. Terá ele,que não é "canela verde da gema" , capacidade de atrair os votos "canela verde" de Max Filho?
 
Já Neucimar terá agora que despir-se da sensação de "já ganhou" para ir atrás da disputa dos votos de Max Filho e, também, de quebrar a lógica de classe da sua base eleitoral. Como ele vai atingir os corações e mentes da orla e da classe média? Como ele vai mostrar que pode fazer mais e que pode enfim cuidar dos alagamentos e dos problemas recorrentes da cidade? O que ele tem a dizer para a juventude de Vila Velha? Seu trunfo poderá ser o conhecimento dos problemas reais e concretos da cidade, das dificuldades reais para resolvê-los, e a sua proximidade com o governador Renato Casagrande e com o senador Magno Malta (que tem boas relações com a presidente Dilma). Além disto, conta também a favor dele, na caça aos votos, as sua alianças com vereadores eleitos.
 
Por último, em Cariacica é Juninho quem larga na frente neste segundo turno, depois de liderar uma virada espetacular nos últimos 15 dias da Campanha no primeiro turno. O seu desafio é assegurar a votação obtida no primeiro turno, tendo em vista a já conhecida volatilidade das razões de votos em Cariacica. Assegurar e ampliar. Liderança em franca ascensão e com enraizamento social, Juninho vai precisar de recursos para assegurar e ampliar a sua votação, bem como de descortínio e perspicácia para mostrar como ele pode fazer melhor do que Hélder Salomão, de cujo governo é parte integrante, e como ele vai ter capacidade para trazer mais recursos para Cariacica.
 
Por seu turno, Marcelo Santos tem diante de si o desafio gigantesco de estancar a "onda Juninho" e de mostrar que ter perfil, experiência e capacidade de aglutinar apoios e diálogos para ganhar as eleições e governar a cidade. A sua melhor saída para reverter o quadro parece ser uma aliança com o PT, para atrair os votos petistas. A partir daí, polarizar com Juninho para estabelecer contrapontos e mostrar diferenças. Ou seja, angariar novos apoios e "partir para cima" para "quebrar a onda".
 
Deverão ser, em Vitória, Vila Velha e Cariacica, três eleições muito disputadas e polarizadas, permeadas por ventos de mudanças. Difícil para Luiz Paulo. Difícil para Neucimar. Difícil para Marcelo Santos. Vamos ver quem poderá virar a cabeça de sua Excia. O Eleitor e quem poderá motivar o eleitor que esteve desinteressado e alienado no primeiro turno. Haja adrenalina...

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