As lideranças políticas continuam repetindo o discurso da harmonia em defesa do crescimento do Espírito Santo. Na primeira sessão da Assembleia, nessa terça-feira (2), por exemplo, os deputados se desdobraram em elogios ao governador.
Mas se na frente das câmaras os elogios correm soltos, nos bastidores as insatisfações só crescem. Pelo jeito, nem mesmo quem construiu uma unanimidade no Estado e comandou a classe política com mão forte sucumbe à síndrome do desgaste do terceiro mandato.
Ainda mais com a postura do governador de perseguir quem não esteve com ele na campanha e cobrar muito das demais lideranças políticas sem dar nenhuma contrapartida. A coisa já não é boa e o governo ainda vem fazendo seleção de seus aliados.
É claro que a forma como ele levou o deputado Rodrigo Coelho (a caminho do PDT) para o governo, com muita pompa, causou ciúmes. O governador mirou no presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço (DEM), mas a situação ficou chata com o restante do plenário. E os deputados têm razão! Não dá para o governador fazer distinção e tentar prejudicar uns, usando outros.
Mas a questão é que muita gente não está mais disposta a aceitar esse papel. Já se fala em revistar essa necessidade que Hartung tanto diz de economizar. O governador vem usando essa desculpa da falta de recursos para justificar várias coisas que na verdade não trazem desgaste só para ele.
Ao negar recursos aos prefeitos, prejudica as lideranças municipais que lidam diretamente com o povo. Ao negar emendas para deputados estaduais, prejudica os parlamentares que não têm suas bases atendidas. E assim, o governador prejudica a movimentação futura dessas lideranças.
Como aquela ideia de que o governador elege quem ele quer foi por água abaixo já em 2012, quando acabou prejudicando o palanque de Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), em Vitória, a classe política começa a perceber que a movimentação de apoio total ao governador mais atrapalha do que ajuda. Neste sentido, o instinto de sobrevivência política vai ser mais importante do que aquele medo abstrato que dominava o Estado nos primeiros anos de Hartung no governo do Estado.
Fragmentos:
1 – Os comentários nos meios políticos são de que Renzo Colnago está com a corda no pescoço. O governador estaria pressionando a Prodest, mas só estaria ouvindo promessas de um lindo futuro tecnológico, que existe somente em apresentações de Power Point.
2 – O deputado Gilsinho Lopes (PR) defendeu o deputado federal Tiririca do ataque do colega de plenário, Enivaldo dos Anjos (PSD), lembrando que o correligionário, que foi o mais bem votado na eleição de 2014, é o quinto na linha de sucessão presidencial. Arrancou gargalhadas do plenário.
3 – Dezoito vetos governamentais foram lidos na sessão ordinária desta quarta-feira (3) e começam a tramitar na Casa. São 14 vetos totais e quatro parciais.