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Estamos em campanha II

O reconhecimento dos direitos civis de LGBTs é uma questão de justiça social, um direito constitucional que garante cidadania plena e equiparação de direitos sem, em nenhum momento, ferir o direito de outra pessoa ou grupo social qualquer que seja. Baseado nesse conceito de isonomia social que temos conseguido alguns avanços nesse sentido, com o apoio das mais altas instâncias jurídicas do país.
 
Porém, quando se fala em Poder Legislativo, caímos no abismo de uma mistura incompatível com a verdadeira democracia, o fundamentalismo religioso e a política. Como fundamentalismo religioso, podemos entender a “falsa religião”, que usa a fé para iludir, ludibriar e extorquir um número cada vez maior de pessoas que, fascinadas pela falácia desses falsos lideres espirituais, se deixam levar pelo caminho do fanatismo e se envolvem na perseguição e na promoção do desrespeito social, estigmatizando grupos, por eles apontados como marginais.
 
A própria Marina Silva, que é evangélica, e parece não ser fundamentalista, já apontou o erro que é a presença do pastor Feliciano frente à comissão de Direitos humanos e minorias da Câmara dos Deputados, quando comentou suas “políticas equivocadas”. Recentemente num programa sério da TV aberta brasileira (Roda Viva, de TV Cultura/SP), Marina também reconheceu os direitos civis dos LGBTs.
 
O que denunciamos exaustivamente, aqui na coluna, é justamente a “falsa religião” que usa a política para autopromoção de seus lideres, para manutenção de privilégios, golpes no estado democrático e disseminação do ódio social através do favorecimento do preconceito e do estigma. Chantageiam o poder público, disseminam mentiras e calunias e oprimem qualquer um que ouse levantar a voz contra eles. Isso é religião verdadeira?
 
O argumento religioso dessa chamada bancada evangélica (fundamentalista) usa o nome de Jesus apenas para sensibilizar os reais seguidores do cristianismo e convencê-los de apoiar esses políticos escroques, que insaciáveis, querem sempre mais poder e dinheiro, sem se importar com o verdadeiro sentido da religião que dizem professar. Na base de suas pregações políticas/religiosas está o que há de mais ultrapassado do velho testamento como levíticos que segrega a mulher com um machismo exacerbado e doentio, e em textos alegóricos que justificam a violência, a guerra e a discriminação social e racial, nada parecido com o discurso de amor e igualdade atribuído a Jesus no novo testamento que, inclusive alerta contra os “falsos profetas”.
 
Um estado democrático é um mosaico de diversidades com orientações, tendências sociais e opções em todos os seguimentos. Sua preocupação maior é manter o direto de escolhas e manifestações do livre arbítrio cidadão, principalmente protegendo as minorias, que são vulneráveis ao preconceito, sendo alvo constante da violenta opressão da maioria que discorda e se assusta com essa diversidade, sem perceber que ser diverso é a principal característica do ser humano.
 
Assim sendo, é muito importante o equilíbrio político, principalmente nas casas legislativas, de onde sairão as leis que vão reger o universo social da nação. O currículo dos candidatos em prol da harmonia social e da equiparação de direitos, corrigindo injustiças e reparando erros do passado, é tão ou mais importante que um currículo escolar ou de títulos. A vida particular e pública de representantes do povo deve ser exposta, para sabermos, sem equívocos, quem realmente nos representa ou quem nos usa com oportunismo e demagogia e nada faz em prol do bem-estar coletivo.
 
Por isso estamos em campanha. Cuidado com a falsa religiosidade de alguns políticos espertalhões que te usam como massa eleitoreira. Vale sempre o alerta: “cuidado com seu voto”.
 

Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas “horas vagas” (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil” pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: [email protected]

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