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Eterno vice

O discurso do secretário de Segurança André Garcia (que se mantém à frente da pasta nos dois últimos governos) sobre a redução da violência no Estado não corresponde à realidade dos dados estatísticos dos últimos estudos produzidos sobre o tema. 
 
A nova edição do Mapa da Violência 2015 – Mortes Matadas por Arma de Fogo, publicado nesta quinta-feira (14), coloca o Espírito Santo como o vice-líder nacional no ranking de homicídios por arma de fogo. O estudo recorta os dados de 2002 a 2012. Nesse período, se observa que o índice de mortes por arma de fogo entre a população jovem (de 15 a 29 anos) cresceu nos últimos 12 anos. Em 2002, a taxa de mortes era de 84 por 100 mil habitantes; em 2012 esse índice saltou para 91,8. 
 
A situação fica ainda mais dramática quando o estudo analisa O Índice de Violência Juvenil (IVJ) por Arma de Fogo (AF) no Estado. Nesse quesito o Espírito Santo é líder absoluto. O percentual de vitimização chega à impressionante marca de 394,9%. Na Capital capixaba o IVJ-AF é ainda mais alarmante: 587,4%. Isso significa que morrem sete jovens para cada não jovem em Vitória.
 
Chama atenção no estudo que os dez estados que lideravam o ranking em 2002 se mantêm praticamente nas mesmas posições 12 anos depois. Dos dez estados, sete são nordestinos. Isso significa que os estados mais carentes, com deficiências agudas no tripé saúde, segurança e educação, são justamente os estados que mais negligenciam os segmentos mais jovens da população. São estados praticamente nulos no desenvolvimento de políticas públicas preventivas para os jovens. Resultado, sem uma rede social sólida, esses jovens ficam mais vulneráveis à criminalidade, se tornando, ao mesmo tempo, principais vítimas e autores da violência. 
 
A ausência do Estado, sobretudo nos bairros mais pobres, fortalece as organizações criminosas, que cooptam facilmente esses jovens para o narcotráfico e outras práticas criminosas. 
 
O atual governo, que durante seus dois mandatos anteriores (2003 a 2010) assistiu inerte a evolução desses índices, segue omisso no compromisso de desenvolver políticas públicas capazes de interferir nessa caótica realidade.
 
Enquanto o governo insistir em ignorar os dados que de fato refletem a realidade da violência no Estado, o Espírito Santo vai continuar liderando essas vexatórias estatísticas. 

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