Sexta, 19 Abril 2024

Exigimos justiça

 

Na cena cotidiana, já se tornou recorrente ouvir as vítimas dos mais diversos tipos de violações clamarem por justiça. Essa súplica tão singular resume o sentimento dos que se sentem ultrajados nos seus mais básicos direitos, mas que, mesmo assim, preferem depositar nas mãos da Justiça a prerrogativa de apurar, esclarecer e punir os culpados.
 
Os representantes do Instituto Visão e jornal Século Diário se sentem exatamente assim com relação ao ataque de hackers que tiraram o jornal do ar por mais de seis horas na véspera das eleições e ainda corromperam todo o nosso banco de dados, que permanece funcionando precariamente.
 
A truculenta ação aconteceu minutos depois que o jornal publicou a matéria com os dados da pesquisa realizada pelo Instituto Visão, que apontava empate técnico entre os dois candidatos que disputam a prefeitura de Vila Velha: Rodney Miranda (DEM) e Neucimar Fraga (PR).
 
Apesar do clima acirrado que caracterizou todo o segundo turno da disputa em Vila Velha, o jornal não esperava que a notícia fosse alvo de um ataque criminoso e covarde. Os autores da agressão queriam impedir o direito do jornal de produzir informação e dos leitores de acessá-la.
 
Como bem definiu a deputada federal Iriny Lopes (PT) - que procurou a direção do jornal assim que tomou conhecimento dos fatos -, a ação foi um atentado à democracia.
 
A deputada ainda recordou do episódio envolvendo o grampo da Rede Gazeta, que acabou não sendo apurado e, consequentemente, os responsáveis pelas escutas ilegais não foram punidos.
 
Coincidência ou não, o então secretário de Segurança Rodney Miranda, que comandava o sistema Guardião – aparelho de escutas da polícia -, foi apontado como um dos responsáveis pelo grampo ilegal aos jornalistas de A Gazeta.
 
A CPI do Grampo, que teria a missão de esclarecer em definitivo o episódio, ficou pelo meio do caminho e o secretário, depois de uma rápida passagem pala Secretaria de Segurança de Pernambuco – até que as coisas esfriassem por aqui -, retornou à pasta como se nada tivesse acontecido.
 
Não podemos ser levianos e creditar a ação dos ataques ao jornal ao grupo de Rodney, que hoje disputa a eleição para prefeito de Vila Velha. Quem deve fazer essa investigação e apontar os responsáveis é a polícia e os órgãos competentes.
 
Mas, independente da apuração do crime, podemos afirmar que o ataque ao jornal ocorreu de forma premeditada e profissional para impedir a publicação da matéria sobre a disputa em Vila Velha. Quanto a isso, não temos nenhuma dúvida. Afinal, não da para negar que o candidato do DEM era o principal interessado em impedir a divulgação da pesquisa, pois os levantamentos feitos até então apontavam Rodney com larga dianteira sobre Neucimar. A notícia do empate técnico às vésperas das eleições, definitivamente, não seria bem-vinda.
 
O “fake” que reclama a autoria dos ataques, que se identifica como Senor Abravanel, na rede social Twitter, é uma estratégia dos criminosos para dar um caráter jocoso ao atentado. Fazendo piadinhas infames e tratando a invasão como uma brincadeira de quem não tem o que fazer, os mentores da ação criminosa querem tratar o ataque como mais uma traquinagem de um incorrigível hacker.
 
Nada disso. Podemos afirmar que a ação foi premeditada e tinha sim caráter político. O invasor atendia a interesses de um grupo que não queria a publicação da pesquisa. Portanto, o caso deve ser tratado pelas autoridades com a seriedade que merece. Afinal, usando as palavras da deputada Iriny Lopes, o ataque “é um grave atentado ao direito de informação, de opinião, de livre expressão”.

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