Em uma manobra rasteira, o presidente da Câmara de Vila Velha, Ivan Carlini (DEM), que muda de partido de acordo com o prefeito do município de ocasião, sacou do fundo da gaveta as contas do ex-prefeito Max Filho (PSDB) relativas ao exercício de 2008. Mais uma aberração causada pelas muitas brechas deixadas pela Lei Ficha Limpa e seus remendos.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a instância competente para julgar as contas dos gestores seria a Câmara Municipal. A decisão dividiu opiniões. Para algumas lideranças, essa decisão evita que conselheiros do Tribunal de Contas sejam influenciados ou ajam para prejudicar desafetos.
Como no Espírito Santo há um entendimento da classe política de o governador Paulo Hartung ter influência sobre todos os poderes, esta seria uma forma de se livrar desse laço. O próprio Max Filho teria sido vítima de interesses alheios às contas em sua trajetória política. O ex-conselheiro Elcy de Souza teve a vaga questionada pelo pai do ex-prefeito, o ex-governador Max Mauro.
Elcy sempre relatava as contas de Max Filho, opinando pela rejeição. O caso foi parar no Supremo e o ex-prefeito teve as rejeições anuladas pelos ministros. A batalha entre os Mauro e Elcy de Souza durou nove anos. Quando tudo parecia resolvido, as regras mudam e agora Max Filho vira refém da Câmara Municipal.
O parecer do TCES das contas de Max Filho de 2008 é pela aprovação e o relator da matéria no legislativo municipal, vereador João Artém (PSB), acompanha o parecer, mas a manobra para julgar as contas em pleno período eleitoral, denuncia o golpe.
Ao entrar na disputa pela prefeitura, Max Filho polariza a disputa com o também ex-prefeito Neucimar Fraga (PSD), tirando do jogo o prefeito Rodney Miranda (DEM). Por isso, o grupo traça uma estratégia para tirar o tucano da corrida eleitoral e tentar dar sobrevida ao prefeito Rodney, aliado de ocasião do presidente da Câmara.
A manobra, porém, pode ter um resultado mais negativo do que positivo, já que fica evidenciado o caráter político do julgamento das contas, o que pode ser interpretado como jogo baixo do grupo do prefeito. Entretanto, colocar a faca no pescoço de Max Filho no meio do período eleitoral pode fazê-lo de vítima, o que pode ter um efeito devastador para quem já não está em uma situação confortável na disputa, caso de Rodney.
Fragmentos:
1 – Oito candidatos disputam a eleição em Guarpari: Edson Magalhães (PSD); Carlos Von (PSDB); Gedson Merízio (PSB); Franz Tristão (PTN); José Amaral (PSOL); Manoel Ferreira Couto (PT); Marquinhos Borges (PMDB); e Ricardo Rios (REDE).
2 – Magalhães é favorito, mas o número algo de candidatos pode dividir o votos dificultando seu retorno à prefeitura. A pulverização de candidaturas associada à polêmica da rodoviária de Guarapari dificultam a vida do deputado estadual.
3 – O ministro da Agricultura Blairo Maggi estará no Espírito Santo na segunda-feira (22) para visitar as regiões atingidas pela seca e que registraram prejuízos na agropecuária.